Sinopse: Herbert é um mendigo que, como tantos outros, passa por dificuldades e sente na pele o peso do preconceito. Porém, a sua forma peculiar de comunicação e a sua desenvoltura em transmitir paz através de palavras otimistas faz dele uma personalidade única nos lugares por onde passa. É um homem que usa a sua experiencia de vida, os seus conhecimentos e a sua própria mendicância para acalentar os corações mais aflitos.
Tenho sido agraciada com presentes maravilhosos chamados livros, e os últimos livros que li, tirei o melhor deles, os mais belos exemplos de vida e solidariedade. Estou feliz por isso.
Um belo dia encontrei na internet um livro com uma capa simples, porém, expressiva. Àquele par de sapatos gastos me atraiu, uma sensação singela de paz e benção tive ao vislumbrar a imagem. Ao erguer meus olhos li o título - O MENDIGO - pensei, "deve ser um drama onde vou chorar e esperar pelo fim drástico". A gente tem o hábito de pensar que a miséria só viva pessoas tristes, sofridas, amargas e no fundo do poço.
Nunca parei pra pensar o que as levam a chegar onde estão, nem avaliei que em meio de um grupo de desafortunados, existam histórias omitidas pela dor, vergonha, abandono e descaso.
Quando li a sinopse, percebi que neste livro continha muito mais que uma história de um mendigo, havia mais uma lição de vida, moral e bons costumes - e vou acrescentar muito AMOR.
Somos apresentados ao protagonista Herbert, um pedinte que após um pequeno incidente é acudido por Marcos, um jovem de classe média morador de uma vila próxima ao ocorrido. Herbert logo percebe que Marcos era diferente de outras pessoas, normalmente seria ignorado por elas, mesmo que tivesse se acidentado gravemente. Mas, não Marcos, ele se mostrou solidário e atencioso com o pobre Mendigo.
Foi neste momento, que iniciou uma linda estória de amizade, compaixão, solidariedade e amor ao próximo.
Herbert com seu jeito tranquilo e educado, conquistava aos poucos a comunidade, criou novos amigos que foram muito importantes para o desenrolar da história e ensinou com sua experiencia de vida, a dar esperança àqueles que já não o tinha e a abrandar os corações dos mais aflitos com suas sábias palavras.
Em meio de turbilhões de conflitos, palavras ásperas, preconceitos, descriminação, maus tratos, que ele era submetido, sempre existia para Herbert um ensinamento, as palavras eram sua maior aliada, seu escudo, sua arma e sua vitória.
Assim como Marcos, Herbert também era muito diferente, era especial e tinha um passado a ser revelado.
O Mendigo tem uma narrativa em terceira pessoa, uma leitura simples e de fácil compreensão, agradável e rica de sabedorias.
I- Parábolas de Herbert :
"Um homem por um motivo especial foi convidado para conhecer o inferno e o céu. Chegando ao inferno, ele foi levado a sala de refeição, e lá ele viu um delicioso banquete, mas quando as pessoas chegaram era só choro e gritos de agonia. O homem ficou estarrecido, mas logo entendeu o motivo: os cotovelos daquelas pessoas dobravam pra trás e não pra frente como o nosso, e assim era impossível eles levarem a comida em sua boca. Então o homem pediu para sair dali e o levaram para o Céu. Lá chegando ele se deparou com a mesma cena, um grande banquete e as pessoas com os cotovelos dobrados para trás, mas, ao contrário do inferno, elas estavam felizes, e foi aí que observou que um levava a comida à boca da outra, resolvendo assim o problema da alimentação."
Deu pra perceber a semelhança?
Um Grande e importante Homem veio um dia pra viver no meio de nós, seu alvo e seu objetivo era estar no meio dos mais necessitados, não só financeiramente, mas de amor, saúde, fé, para levar A Palavra.
E como o povo tinha dificuldades pra entender os intelectos da época ele passa a usar parábolas para explicar melhor os ensinamentos...
Qualquer semelhança é mera coincidência.
Porém, me senti muito bem e feliz em fazer tais comparações, foi como uma centelha de esperança, paz, vida, um milagre em minhas mãos.
Perdoe-me àqueles que não acreditam em milagres, mas, a vida por si só já é um milagre e vivê-la é uma benção. E este livro foi uma benção.
II- Parábolas de Herbert :
"É comum ouvir alguém falar "se eu ganhar na loteria iria ajudar o hospital do câncer ou criar um orfanato, um asilo ou até mesmo dar cestas básicas para pessoas carentes". No entanto, algumas dessas pessoas sequer visita um amigo acamado, não gosta de crianças, não tem paciência com idosos e nem pão dá a um mendigo. Essas pessoas querem coisas grandiosas, mas não enxergam a importância dos pequenos gestos. E quem não sabe ser grande diante das pequenas coisas, será pequeno diante das grandes, porque uma árvore não aparece da noite para o dia, ela começa com uma pequena semente."
Então, perceberam como fiquei feliz com essa leitura? Edson Santos abraçou a história de um homem, que nada tinha além de suas palavras que acalentava o coração de quem as ouvisse.
Nos mostrou que por trás de todo ser humano existe uma boa alma, mas muitas vezes incompreendida, frustrada a ponto de cometer deslises que possa prejudicar ao próximo e a si próprio.
Em sua sabedoria, Edson me levou a pensar na possível história de cada indigente que dorme nas ruas, o que as levou até onde estão? Quem eram antes de se tornarem mendigos? Onde estão suas famílias? Será que sofrem por sua ausência?
Enfim, sei que o final foi belo, digno e perfeito. Não podia ser diferente, você entenderá assim que concluir essa maravilhosa leitura.
Me sinto honrada de ter lido esta bela obra, assim como Herbert, espalharei aos quatro cantos essa boa nova.
Parabéns Edson Santos.
Aprovado, Indicado e Amado.