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terça-feira, 3 de março de 2015

Resenha: Morte Invisível - Lene Kaaberbol e Agnete Friis


Morte Invisível
Autor: Lene Kaaberbol e Agnete Friis
Editora: Arqueiro
Páginas: 319

Sinopse: “Em meio às ruínas de um hospital militar soviético no norte da Hungria, Pitkin e Tamás procuram antigos suprimentos e armas que possam vender no mercado negro, até que acabam encontrando algo mais valioso do que poderiam imaginar. Ali está a esperança dos meninos ciganos de deixar a pobreza, de quitar as dívidas da família, quem sabe de se livrar um pouco do preconceito que sofre o seu povo. Porém, suas boas intenções podem provocar a morte de um número alarmante de pessoas. Na Dinamarca, a enfermeira Nina Borg também se preocupa com o bem-estar dos desfavorecidos, e por isso colocará sua vida em risco mais uma vez. Chamada às pressas para cuidar de um grupo de ciganos húngaros, ela descobre uma doença misteriosa que se espalha de forma implacável. Ao investigar o caso, percebe que há algo de podre em toda aquela história, um segredo perigoso, guardado a sete chaves pelos imigrantes, que pode envolver terrorismo e fanatismo. Nesta continuação de O menino da mala, Nina acabará colocando sua família na mira de criminosos e se verá diante de uma crise sem precedentes que mobilizará o país.”

Resenha:

A Arqueiro me enviou esse livro e eu agradeço demais por isso, porque já virei fã das autoras e se não tivessem me enviado eu ia ter que esperar séculos pra conseguir comprar e ler. Há um tempinho atrás eu resenhei o primeiro livro delas “O menino da mala” e, pra mim, foi um dos melhores livros dos últimos tempos.

Como era de se esperar, o segundo livro das aventuras da enfermeira Nina Borg, “Morte Invisível”, não poderia ser diferente. Já é um dos livros mais desejados entre os leitores do Brasil e se você ainda não leu, leia! Porque esse livro, muito provavelmente, vai virar filme. Ele tem que virar! Porque é realmente explosivo, intenso e fantástico.

A princípio a realidade abordada pelas autoras me pegou de surpresa, até porque exatamente esse preconceito racial não é muito comentado por aqui, mas pesquisei e realmente o povo Romani e os muçulmanos são tratados como párias na Europa. E dentro desse contexto, em que eles sequer podem ser atendidos em hospitais, pois vivem à margem da legalidade em condições subumanas, surgem médicos que, cumprindo o seu dever e juramento de salvar vidas, se colocam em risco para atendê-los. 

No começo do livro encontramos o Tamás, que é um jovem cigano muito pobre que vive (ou sobrevive) nas “favelas” com o seu povo. A miséria é uma realidade que fica muito clara e viva para o leitor e o livro consegue tornar essa rotina muito real, o que é bem paradoxal dentro de uma visão de países de primeiro mundo, pra mim pelo menos é estranho.

E, vasculhando um hospital abandonado, após um recente terremoto, ele e seu amigo Pitkin descobrem que uma sala até então escondida teve um acesso aberto com o desmoronamento, onde eles acabam encontrando um artefato raro e muito perigoso, mas ao mesmo tempo extremamente valioso.

Esse é o cartão de bilheteria para Tamás e sua família. Pelo menos é o que o rapaz pensa ao se envolver com o mercado negro da internet para vender o objeto.

Ao mesmo tempo nós entramos na vida do irmão do Tamás, o Sándor. Esse sempre quis lutar contra as imposições da pobreza, conseguiu ir para outra família, mudar de nome, arrumar uma namorada de bom nome e entrar para uma faculdade bem conceituada onde sonha cursar e se formar em direito. No entanto sua vida vai virar de cabeça para baixo quando seu irmão, que ficou para trás, Tamás, usa seus documentos para viajar e entrar ilegalmente na Dinamarca.

Nina Borg entra então na história, ainda alheia aos demais acontecimentos. Ela está atendendo famílias ilegais quando é chamada por seu chefe para visitar um paciente em uma oficina onde crianças estão sofrendo aparentemente com um vírus desconhecido.

E então é quando tudo começa a se juntar, e nós temos vários núcleos diferentes de personagens, além dos que eu estou falando na resenha, senão isso aqui vai ficar uma bíblia, de gigante! rs e logo vemos todos os personagens envolvidos com algum tipo de atentado terrorista nessa história eletrizante. O negócio é que quando tudo começa a se encaixar o leitor não consegue mais abandonar esse livro.

Pela primeira vez as escolhas de Nina vão trazer graves consequências não só para ela, mas para toda a sua família, e a situação segue, ajudada por sua má sorte, a colocá-la no meio de um turbilhão com o qual ela não vai ser capaz de lidar.

Várias formas de tráfico, o preconceito, a facilidade do acesso ao mercado negro, sequestro, abuso sexual, assassinatos, tudo isso ronda a história do livro, além de um fantasma invisível que está adoecendo vários personagens e matando outros. E, contaminada, Nina tem pouco tempo para descobrir a causa de tudo o que está acontecendo. 

Todo o suspense do livro culmina num final completamente inesperado e que eu achei muito MUITO bom mesmo.

Impressões:

Morte Invisível é um lançamento da Arqueiro e vale cada centavo da compra, então, se você estava com alguma dúvida ainda, COMPRE ESSE LIVRO! rs. Você não vai se arrepender.

A qualidade física do livro é excelente. A capa é muito misteriosa e chamativa, remetendo a algum tipo de ambiente cirúrgico e as folhas têm coloração creme. Ele é relativamente fino, mas é uma leitura um pouco mais demorada, a impressão é mais juntinha, tipo Game of Thrones. O estilo da escrita dinâmica e dos capítulos curtinhos, como cenas de um filme, é igual ao do primeiro livro e lembra muito o estilo do Dan Brown. 

Hoje em dia está muito difícil encontrar livros que prendam, pois os autores apostam muito em plots já batidos, mudando umas coisinhas ou outras, e essa história me pegou realmente desprevenido, cada cena foi surpreendente e cada revelação foi realmente inesperada. A descrição que as autoras fizeram dos cenários foi absolutamente única. Era como estar lá, embora na maioria das vezes não tenha sido tão agradável e até nojento.

Elas novamente deram uma alma para cada personagem, então como já disse anteriormente, uma menina era uma menina, uma prostituta era uma prostituta e um traficante tinha todos os trejeitos, vocabulário e atitudes de um traficante, embora cada um tivesse também seu próprio passado complexo. E elas conseguiram fazer isso com todos, cuspindo realidade na cara dos leitores. O livro tem muitos palavrões, cenas fortes, nojeiras, mortes, enfim! Tudo o que eu gosto de ver, não me entendam mal! É que ele transpira realidade e é isso que eu gosto de ver em histórias desse tipo!

O que eu não gostei? Bem... não que eu não tenha gostado. Demorei um pouco a me adaptar com os nomes dos personagens. São muito complexos e eu comecei a confundir alguns deles e tive que voltar pra entender bem a história. Então pessoalmente tive que me concentrar na história pra ler bem e compreender tudo. O que é bom, mas nomes mais fáceis, em inglês pelo menos, teriam tornado pelo menos as identificações mais simples.

No todo o livro é fantástico, dei 5 estrelas, está nos meus favoritos e espero ansiosamente pelas novas aventuras dessa enfermeira que, em toda a sua fragilidade, sempre consegue botar pra quebrar. Estou com essa saga 100%. Apaixonado. E recomendo a todo mundo, principalmente aos maiores de 18 anos, por ter um conteúdo um pouco mais pesado.

“Acho que não sou capaz de amar alguém que não tenha coragem de ser quem de fato é”.



5 comentários:

  1. Nossa ! parece q vc adivinhou q estou louca p/ ler este livro, faz dias q vejo sua capa " Morte invisível", mas ñ tinha lido a resenha , agora q li , queria muito saber o que é este virus q esta afetando as crianças e ver com a enfermeira Nina vai fazer p/ ajuda--los.

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  2. Nossa o livro parece ser tão forte, só que ao mesmo tempo misterioso e FODA.
    Me impressionei pela resenha e acho que estar dentro do livro pela descrição é algo muito especial, tirando as partes nojentas e etc.
    Gostei da resenha, você sabe expor muito bem o seu ponto de vista.
    Abraços.

    Escritaliteraria1.blogspot.com

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  3. grande Piter, esta sua resenha é um soco no estômago amigão. totalmente visceral, deu pra sentir daqui o quanto este livro abalou suas estruturas. fiquei alucinado, louco pra ler também, fico um pouco receoso, porque sou daqueles que gosta de seguir autor e personagem, então teria que ler o primeiro livro onde aparece Nina Borg, mas já está aqui tudo anotadinho. sem contar que livros onde aparece cultura diversa da nossa já me deixa ligado, se for cultura cigana então, daí já me ganhou. li "invisíveis" no ano passado (se não me falha a memória) e me encantei com este universo. portanto a dica está mais que anotada. parabéns, você dissecou o livro. estou ainda deglutindo suas palavras!

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  4. Oi Piter, tudo bem?
    Nossa, o que eu posso falar depois de uma resenha tão apaixonada e empolgada assim? Tudo bem, eu vou ler, risos...
    Eu não li o primeiro livro, mas adoro tramas de suspense e essa história envolve tantas temáticas fortes, e sendo da Arqueiro, não tem como se decepcionar.
    Fiquei triste com a informação que deu, de que o povo Romani é tratado como pária na Europa. Parece que nunca aprendemos nada, estamos sempre cometendo os mesmos erros do passado.
    Já para a lista de desejos.
    beijinhos.
    cila.
    http://cantinhoparaleitura.blogspot.com.br/

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  5. Parece realmente muito bom, a sua resenha não deixa dúvidas quanto a isso.
    Parabéns, bjs!

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Bjão
Equipe Cia do Leitor