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quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Resenha: Fábrica de Vespas - de Iain Banks

Fábrica de Vespas
Iain Banks
Editora DarkSide

Sinopse: Frank – um garoto de 16 anos bastante incomum – vive com seu pai em um vilarejo afastado, em uma ilha escocesa. A vida deles, para dizer o mínimo, não é nada convencional. A mãe de Frank os abandonou anos atrás; Eric, seu irmão mais velho, está confinado em um hospital psiquiátrico; e seu pai é um excêntrico sem tamanho. Para aliviar suas angústias e frustrações, Frank começa a praticar estranhos atos de violência, criando bizarros rituais diários onde encontra algum alívio e consolo. Suas únicas tentativas de contato com o mundo exterior são Jamie, seu amigo anão, com quem bebe no pub local, e os animais que persegue ao redor da ilha.
Abandonado à própria sorte para observar a natureza e inventar sua própria teologia – a maneira do Robinson Crusoé de Daniel Defoe –, Frank desconhece a escola e o serviço social, já que seu pai acredita na educação “natural”, recomendada pelo filósofo do século XVIII Jean-Jacques Rousseau e apresentada em seu romance Emílio, ou Da Educação (1762), que sugere que as crianças devem crescer entre as belezas da natureza, permitindo que elas se deleitem com a flora e a fauna. A natureza humana seria boa a princípio, mas corrompida pela civilização. Quando descobre que Eric fugiu do hospital, Frank tem que preparar o terreno para o inevitável retorno de seu irmão – um acontecimento que implode os mistérios do passado e vai mudar a vida de Frank por completo.
Resenha

Frank é um adolescente de 16 anos que é basicamente um aspirante à psicopata, não que ele saiba disso. Todos as características estão ali, para qualquer um ver, mas é claro que ninguém vê. Até porque o Frank não é burro para mostrar esse seu lado para as outras pessoas. A família do Frank tem sérios problemas, sério, ninguém salva. O irmão está internado em um hospital psiquiátrico após ter um surto e enlouquecer. O pai é um homem recluso que para mim também é louco. Sua mãe.. bem, vá saber onde ela está.
Às vezes, acho que você deveria estar no hospital, não Eric.
Os dias de Frank são passados na sua ilha, onde ele constantemente reforça as proteções contra qualquer tipo de invasão. E é claro que todas essas suas defesas e tudo mais é tudo coisa da cabeça dele. Ele praticamente não tem amigos, com a exceção de um, Jamie (que é um anão). Ele nunca foi à escola ou até mesmo ao médico. Ele nem ao menos existe para governo, já que o seu pai nunca o registrou (eu falei que só tinha maluco nessa família). Às vezes ele vai até a cidade, beber no pub com seu amigo. Então a vida dele resume-se em: montar armadilhas pela ilha, torturar pobres animais indefesos, beber em um pub.
Nunca sei exatamente o quanto ele se importa comigo. Pensando bem, nunca sei exatamente o quanto me importo com ele.
Porém essa rotina chega ao fim quando seu irmão Eric foge do hospital e Frank tem certeza que ele está voltando para a ilha. Tido como a pessoa mais perigosa da família, Eric está sendo procurado por todos, incluindo a polícia. Mal sabem esses inocentes que Frank é na verdade um assassino, mas novamente, psicopatas são inteligentes demais para serem facilmente pegos. Frank conta com sua própria maneira de ver mais além (ou assim ele pensa), ele enxerga os padrões através da sua Fábrica. O que ela é exatamente? Bem, você precisará ler para descobrir. A Fábrica já deixou bem claro que o Eric está a caminho e agora tudo irá mudar.
Olhando para mim, você nunca diria que matei três pessoas.
A narrativa do livro é dividida entre o presente e o passado de Frank. No passado nós iremos ver a infância dele e também iremos descobrir exatamente quem são suas vítimas e como ele os matou. Como logo no início do livro ele já diz de cara a quantidade, nós acabamos ficando curiosos para saber o que aconteceu. Já na narrativa no presente, nós vamos acompanhando a espera pela chegada do Eric, ao mesmo tempo que tentamos descobrir outros mistérios. Uma coisa muito legal sobre o livro é que ele é narrado em primeira pessoa, então temos toda essa visão da mente de um jovem psicopata em ascensão, com todos os seus rituais se desenvolvendo. A parte ruim do livro são as descrições das coisas que são feitas aos animais, para quem ama animais, essas partes são terríveis. A escrita do autor é excelente, te prendendo do início ao fim, com uma estória muito bem entrelaçada.
Partes de mim acham tudo isso um absurdo, mas são uma minoria ínfima. O restante de mim sabe que esse tipo de coisa funciona. Que me dá poder, faz de mim parte do que possuo e de onde estou. Faz eu me sentir bem.
O livro é bem pequeno, apenas 233 páginas, e não há muito mais do que eu possa comentar sem que acabe entregando alguma coisa. No final das contas, acabei dando 5 estrelas para o livro. Agora vamos falar da edição, bem resumindo em uma palavra: DarkSide. Mais uma vez, livro em capa dura (linda, maravilhosa e assustadora), parte gráfica divina. A capa inclusive tem uma marca, como se fosse um carimbo em auto-relevo, de uma vespa. Só tive um problema com a minha edição, em algumas páginas o texto de trás ficava visível na parte da frente da folha, mesmo com aquele papel grosso em que eles imprimem os livros. Talvez tem sido um problema na impressão, talvez o texto saiu com mais tinta do que deveria. Fora isso, o livro está todo perfeito.
Pelo menos eu admito que fiz tudo para reforçar meu ego, recuperar meu orgulho e me dar prazer, não para salvar a nação, garantir justiça ou honrar os mortos.
Recomendo esse livro para todo mundo que amam uma estória sangrenta, com mistérios. Se estória com psicopatas te atraem, então esse livro é perfeito para você. Também recomendo para qualquer um que esteja procurando um livro perturbador para esse mês do Halloween.
Uma morte é sempre excitante, sempre faz com que você perceba são vivo e vulnerável está, mas quão sortudo é.


Classificação



Sobre o autor

Iain Menzies Banks (Dunfermline, Fife, 16 de fevereiro de 1954) foi um escritor britânico. Ele escreveu ficção realista como Iain Banks, e ficção científica como Iain M. Banks.
O pai de Banks era um oficial do Estado Maior da Armada Britânica e sua mãe foi, por um tempo, uma patinadora profissional no gelo. Banks estudou Inglês, Filosofia, e Psicologia na Universidade de Stirling.
Ele tornou-se conhecido por seus livros de ficção científica da série "A Cultura" (The Culture), sobre uma sociedade utópica futurista, cujo último livro publicado foi o "The Hydrogen Sonata", de 2012. Seu último livro, publicado postumamente, foi "The Quarry", sobre uma criança autista e seu pai que está morrendo de câncer.





10 comentários:

  1. Olá Patricia, eu bem fiquei dividida em solicitar esse livro para ler, mas agora com a sua resenha tenho certeza que vou curtir a leitura. Bjs

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    1. Como disse, a única parte "negativa" do livro são as relacionadas aos animais, mas a estória é maravilhosa mesmo assim.

      bjs.

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  2. Patricia menina, antes de mais nada parabéns pela coragem de ler esse estilo (não é minha praia) e pelo ótimo texto. Você soube apresentar todo o enredo e despertar pelo menos um pouco de curiosidade até em mim não curto o estilo.
    Quando li que a narrativa é em primeira pessoa, por um garoto de 16 anos, aspirante a psicopata/assassino fiquei logo com medo e com o estômago embrulhado.
    Já convivemos com tanta violência e brutalidade na realidade que não tenho coragem de ler enredos nesse tema. Além disso o garoto faz parte de uma família de desequilibrados emocionais. E como assim ele não foi registrado pelo pai, nunca foi a escola ou ao médico!!??? Além disso descreve como faz para torturar animais!!???
    Desculpa mais não leio esse livro nunca, mas gostei de conferir sua opinião pq só assim pude saber que o título não é para mim.
    Beijos

    Leituras, vida e paixões!!!

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    1. A leitura me deu uns embrulhos no estômago, mas realmente por causa das partes dos animais. Eu gosto de ler livros com personagens psicopatas, eu deveria ter feito psicologia, hahaha.

      Bjs.

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  3. Com certeza esse não é um livro para mim. Não sou muito de livros de terror e quando eles são mais perto do reais e possíveis - como me pareceu ser o caso desse - tenho ainda mais medo.
    Essa coisa toda de embarcar na mente de uma pessoa normal que na verdade é um psicopata é interessantemente assustadora. Acho incrível quando são usadas em séries (como em Criminal Minds) mas em livros eu fico meio preocupada em arriscar...
    A Dark sempre arrasa, né? Pena que aconteceu essa coisa da tinta em algumas folhas na sua edição...
    Beijinhos,
    Lica
    Amores e Livros

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    1. Amo Criminal Minds! Esse livro nem é tanto terror, mas é realmente desconcertante está dentro da mente do personagem.

      Bjs.

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  4. Olá!
    Eu gosto muito de terror, então fiquei morrendo de vontade de conferir mais esse grande lançamento da editora. Pena que sua edição não veio tão legal, mas tenho certeza que foi apenas um erro bem chato.
    Beijos.

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    1. Felizmente o problema foi só nas primeiras páginas, sem dúvidas um erro da gráfica. Mas mesmo assim ela estava maravilhosa.

      Bjs.

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  5. Oi, Patricia
    Não sou a maior fã desse tipo de livro, mas gosto de histórias com psicopatas. Que bom que recomenda, quem sabe um dia me animo.
    A editora sempre trabalho muito bem suas capas, não tem como não concordar.

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    1. Se você gosta de histórias com psicopatas então você irá gostar desse livro, se anima aí!

      Bjs.

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Bjão
Equipe Cia do Leitor