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segunda-feira, 7 de maio de 2018

Resenha: O Livro e a Espada - de Antoine Rouaud

O Livro e a Espada
Livro 1
Antoine Rouaud
Editora Arqueiro

Sinopse: O general Dun-Cadal foi um dos maiores heróis do Império, mas hoje não passa de uma sombra do que foi, embriagando-se no fundo de uma taberna. Traído pelos companheiros e amargurado pelo desaparecimento de seu jovem aprendiz, Dun-Cadal não quer mais saber de política, batalhas, pessoas.
É justamente ali, na taberna escura, que a jovem historiadora Viola vai encontrá-lo. Ela procura a Espada do Imperador, uma relíquia desaparecida no caos da revolução que derrubou a monarquia, teoricamente escondida por Dun-Cadal.
Viola também espera descobrir quem é o assassino sem rosto que começou a agir na cidade, matando os antigos companheiros do general, que viraram as costas aos seus ideais para aderir à nova República.
Graças à moça, o velho guerreiro vai vasculhar as lembranças de uma vida de glória e seus mais terríveis arrependimentos. À medida que ele conta sua história, os fantasmas do passado vêm à tona, reacendendo antigos rancores e a sede de vingança de um homem que se entregou ao caminho da fúria.
Resenha
Livro cedido de cortesia pela Editora Arqueiro para resenha.
Viola vai até a cidade de Massália em busca de um ex-soldado chamado Dun. Segundo suas informações, esse soldado saberia a localização da lendária espada do antigo imperador, uma relíquia que se perdeu no meio do caos em que a atual república foi instaurada. Viola é uma historiadora e diz estar apenas interessada no fator histórico que tal espada representa, não por acreditar em seu poder. E tão pouco ela estaria interessada em punir esse ex-soldado, que um dia serviu ao império.

Mas eis que o seu simples soldado, beberrão, na verdade se revela um antigo e famoso general do império. Um homem com um passado glorioso, mas com um presente vergonhoso e um futuro incerto. Dun-Cadal já foi um dos maiores generais que o império teve, com um papel importante em diversas batalhas, incluindo batalhas na época em que o império ainda resistia contra a revolução que criou a república atual. E é por isso mesmo que ele inicialmente não confia em Viola, pois após a implantação da república diversas pessoas ligadas ao império foram executadas no chamado expurgo.
Não há nenhuma honra em matar, menino. Nenhuma. Pouco importa como você dá o golpe. Não há glória nenhuma em citar uma vida.
Porém de uma forma sutil, Viola consegue fazer com que Dun-Cadal reconte um pouco de seu passado. Com um pouco de incentivo e muito álcool, Viola começa a descobrir mais sobre o glorioso caminho do general. E Dun-Cadal irá narrar tudo que passou desde o início da revolução, mesmo que na época a mesma não passasse de uma revolta bem restrita a uma localização. E conforme ele narra os eventos do passado, nós mergulhamos junto com a sua narrativa, acompanhando todas as batalhas e etapas da guerra que mudou completamente a sociedade. Mas também acabamos descobrindo o lado humano do general, sua história pessoal e não somente da guerra. Pois logo de início um nome já surge em sua narrativa com um enorme peso emocional para o general, um nome que Viola nunca ouviu, quem seria essa misteriosa pessoa do passado de Dun-Cadal?

Entretanto, por mais que o passado seja rico de eventos grandiosos, Viola e Dun-Cadal logo irão descobrir que o presente também exige a atenção deles. Um assassino está a solta em Massália, matando os conselheiros da nova república, homens que no passado também serviram ao império. Esse assassino parece ser uma sombra desse passado sombrio que voltou em busca de vingança contra aqueles que traíram o imperador. E agora o passado irá ser vital para determinar o futuro.
Lutar com uma espada é fácil. Mas, para vencer os próprios demônios, a lâmina não tem qualquer serventia. Você, que está aí de joelhos, já sem orgulho nenhum, levante-se, mesmo trêmulo, e recobre sua dignidade. Pois ela é de fato a única arma que o protege dos poderosos.
A narrativa desse livro é extremamente envolvente. Ora no passado, ora no presente, no desenrolar da estória vamos vendo como os eventos das duas narrativas estão intricados, como para entender um é preciso conhecer outro. Embora Dun-Cadal conheça o seu próprio passado, esse passado ganha uma nova luz ao ser revisitado. Principalmente com as ações do assassino em Massália, e também pelo fato de que nós não o conhecemos, hahahaha. Desde os primeiros eventos narrados até o presente se passam mais ou menos 20 anos, muito tempo, mas ao mesmo tempo parece ser muito pouco. Tantas coisas acontecem ao longo dessa estória, mas eu fiquei com a sensação fui tudo muito breve. Isso se deve ao fato de haver saltos temporais e de um outro motivo que não posso contar.

Embora a Viola pareça ser importante, nesse livro sua participação é bem modesta. Por mais que ela apareça bastante no início da estória, Dun-Cadal rouba a cena com a sua narrativa da guerra. Eu gostei bastante dos personagens, embora eu tenha tido vontade de bater em alguns, cujo nomes não posso revelar. Outro destaque para o livro é a própria revolução e o antigo império. Como sempre, jogos políticos determinando o futuro do povo enquanto seus governantes tem sua própria agenda secreta, então preparem-se para as conspirações. 
Que ironia… Eu sempre soube dar a morte… mas nunca soube dar a vida…
O império, em si, um dia foi grandioso. Existe um potencial enorme só em sua história, nesse livro não chegamos nem perto de conhecer tudo. Somos apresentados principalmente a religião e ao exercito que ele possuía, mas mesmo esses não foram muito aprofundados, pois o foco foi principalmente nos personagens e na política. Tenho grandes expectativas referentes aos próximos livros. Quero desbravar mais cidades, cultural e povos, além de mergulhar mais na história que foi introduzida nesse volume.

Enfim, o livro realmente me pegou e me arrastou ao longo das páginas. A edição do livro está ótima, eu adorei a imagem que ilustra a capa. As páginas são amareladas e não tive problemas com o tamanho da fonte, mesmo lendo no ônibus.
Qualquer que seja o motivo dos seus atos, quer você os justifique ou não, nunca haverá desculpa para ceifar a vida de quem quer que seja.
O engraçado é que eu pensava que o livro era único, então quando me aproximava do final eu comecei a ficar preocupada, porque temia que o livro teria um final abrupto. Mas as últimas páginas não deixam dúvidas de que haverá uma continuação. Não me recordo de ter lidos muitos livros de literatura fantástica franceses, mas esse dúvida se destacou. Eu realmente adorei o livro e sem dúvidas o recomendo, principalmente para quem gosta do gênero.
Chega um dia em nossa vida, o cruzamento daquilo que fomos com aquilo que somos e aquilo que seremos. Nesse momento, ao término de tudo, é que decidimos qual será o nosso fim. Com orgulho por vergonha da trajetória percorrida.

Classificação


Sobre o autor

Antoine Rouaud nasceu na França em 1979 e passou a infância escrevendo histórias, imaginando roteiros e compondo canções antes de entrar para o mundo do rádio. Hoje em dia ele é redator e trabalha com premiadas radionovelas. O Livro e a Espada foi indicado ao David Gemmel Awards como melhor estreia literária.








10 comentários:

  1. Oi Patrícia.

    Eu já tinha visto a capa do livro, mas a sua resenha é a primeira que leio. Eu fiquei bem interessada no livro, porque eu ainda não li nenhum livro da literatura fantástica franceses. Isso aumentou a curiosidade, vou adicionar na minha lista de desejados. Parabéns pela resenha.

    Bjos
    http://historiasexistemparaseremcontadas.blogspot.com.br/

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  2. Olá
    Primeiramente que capa linda, já leria o livro pela capa. O enredo também me chamou a atenção, comecei a ler fantasia a pouco e adorei tudo o que li, e com certeza vou colocar mais esse na minha lista.
    Dica anotada.
    Bjus

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  3. Olá, ainda não conhecia esse livro e confesso que pela capa eu não daria muita atenção a ele, mas se foi uma leitura que te cativou tanto assim, e conhecendo um pouquinho dos personagens, já fiquei curiosa para ler.

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  4. Olá!
    Eu tinha visto esse livro nos lançamentos da Editora Arqueiro e confesso que a sinopse me chamou a atenção. Pela sua resenha deu para ver como a história foi bem construída e que o enredo é envolvente. Apesar de não ser o gênero que costumo ler eu daria um chance ao livro.
    Amei a sua resenha.
    Beijinhos!

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  5. Olá, tudo bem?
    Eu vi quando a Arqueiro lançou esse livro, mas achei a capa tão feia que confesso que nem me interessei muito em saber muito sobre a história. Mesmo gostando de livros de fantasia, admito que a premissa desse não me deixou muito curiosa.
    Gostei de ler sua resenha e saber que os personagens são bem construídos e que a leitura é envolvente. Esses, sem dúvida, são pontos positivos. No entanto, achei errado não ter uma indicação antes de que se tratava de uma série e não de um livro único. Me irrita quando as editoras fazem isso, pois tem vezes que não estamos dispostos a iniciar uma nova série e acho que eu ficaria bastante frustrada por só descobrir que o livro tem uma continuação quando estivesse terminando a leitura.
    De qualquer forma, adorei sua resenha e fico feliz que tenha gostado da leitura.
    Beijos!

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  6. Olá, tudo bem? Jura que é Francês? Me interessei mais ainda! A capa não ajuda nem um pouco a chamar os fãs do gênero para lê-lo (eu mesma se não me digna-se em pesquisar mais sobre o mesmo nunca sabia que se tratava de uma fantasia). Gosto de histórias assim, e sua resenha me deixou bem animada. A questão de ser série realmente nos deixa com pé atrás, mas como também gosto, não será um empecilho. Dica anotada <3
    Beijos,
    http://diariasleituras.blogspot.com.br

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  7. Oie!

    Eu vi a divulgação desse livro, mas nunca me interessei em procurar saber mais sobre a história em si, essa é a primeira resenha que leio da obra, e ainda não sei se o leria ou não, mas irei procurar saber um pouco mais sobre e quem sabe no futuro eu o leia!

    Bjss

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  8. OOOiiii, por incrível que pareça, eu não conhecia esse livro... Mesmo depois de ler a sua resenha e ver elogios, eu não senti interesse pela leitura...

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  9. Não é um gênero literário que eu costumo ler, mas a trama em questão parece ser interessante, ainda mais por retratar a decadência de um general e seus momentos de glória. Gosto da ideia da narrativa ser envolvente, como mencionou, mas receio o foco político que tem o enredo, fiquei na dúvida rsrs.

    Abraços.
    https://cabinedeleitura0.blogspot.com.br/

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  10. Oi Patrícia, tudo bem?
    Concordo plenamente com você quando diz que o Dun-Cadal rouba a cena com sua narrativa. Eu simplesmente amei o livro.
    Bjkas

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Vamos ficar super felizes com seu comentário.
Já estamos até sentindo sua falta!
Volte logo tá?
Bjão
Equipe Cia do Leitor