terça-feira, 5 de abril de 2016

Resenha: Os Humanos - de Matt Haig

Os Humanos
Matt Haig
Editora Jangada

Sinopse: Quando um visitante extraterrestre chega à Terra, suas primeiras impressões da espécie humana são pouco positivas. Ao assumir a forma do professor Andrew Martin, da Universidade de Cambridge, o visitante está ansioso por cumprir a tarefa macabra que lhe foi incumbida e voltar rapidamente para seu planeta. Ele se sente enojado pela aparência dos humanos, pelo que eles comem e por sua capacidade de matar e guerrear. Mas, à medida que o tempo passa, ele começa a perceber que pode haver mais coisas nessa espécie do que havia pensado. Disfarçado de Martin, ele cria laços com sua família e começa a ver esperança e beleza na imperfeição humana, o que o faz questionar a missão que o levou à Terra.




Resenha

Sei que alguns de vocês leitores estão convencidos de que os humanos são apenas um mito, mas estou aqui para declarar que eles realmente existem.

Andrew, que na verdade não é Andrew, é um alienígena que veio para a Terra com a missão de destruir qualquer prova ou registro de que o grande enigma de Riemann foi solucionado pelo matemático Andrew Martin. Isso porque com a solução desse problema, que já atravessa séculos, a raça humana daria um grande salto tecnológico, pondo assim todo o universo em perigo. Sim, a nossa fama já se espalhou por todo universo. Aparentemente não somos uma raça muito confiável por causa da nossa tendência à violência (não posso negar que os aliens tem lá suas razões).

Mas enfim, por causa dessa ameaça, e também por causa de uma palestra aparentemente ousada demais, Andrew (que não é o Andrew) foi enviado para assumir o papel do matemático. Já o Andrew verdadeiro foi abduzido e sumariamente eliminado, então a partir de agora quando eu me referir ao Andrew, estarei falando do nosso querido e confuso ET.
O que os humanos não sabiam sobre arquitetura ou sobre combustíveis isotópicos não radioativos à base de hélido, eles compensavam com seu conhecimento de vestuário.
Ao chegar na Terra, contra a vontade, Andrew fica bem perdido com toda a falta de tecnologia que temos aqui. Isso sem falar em nossa aparência horrível, com traços desnecessários (como o nariz), e em nossos costumes extremamente bizarros, como usar roupas. Após aprender que as roupas são necessárias e cuspir não é cumprimento, Andrew finalmente começa a se dedicar a sua missão. Essa missão é aparentemente muito simples, destruir qualquer registro da solução do problema matemático e matar qualquer pessoa que possa saber sobre a solução.
Vim a um planeta onde a forma de vida mais inteligente precisa dirigir seus carros...
Andrew realmente não tem problemas em relação a matar alguém, isso porque, de onde ele vem tudo é analisado logicamente. E a lógica diz a ele que ao retirar uma vida ele estará salvando a vida de todos do universo. Ainda mais porque devido aos avanços tecnológicos, a maioria das outras vidas do universo já atingiram a imortalidade. Então ninguém está muito afim de morrer por causa dos humanos.

Mas essa análise lógica, a única forma de viver que ele conhece, começa aos poucos a aparecer pouco para ele. Ele sempre aprendeu que os humanos são violentos e gananciosos, e que somente o dinheiro move eles. Porém ao começar a conviver com a esposa do matemático morto, Isobel, e o filho deles, Gulliver, ele começa a apreciar cada vez mais os humanos. E é também por causa desse convívio que ele começa também a conhecer outros aspectos da natureza humana, além da violência e da ganância. 
Sabia que a Terra era uma ocorrência real em um sistema solar enfadonho e distante, onde nada muito importante acontecia e onde as opções de viagem para os habitantes eram muito limitadas...
Se os humanos são terríveis assim, como o dizem, como eles são capazes de criarem coisas tão lindas como música, arte e poesia? Andrew começa então a viver um dilema entre o que sempre acreditou ser a verdade e empatia que começa a sentir pelos humanos, ao sofrimento deles, aos seus erros e acertos, a sua breve vida, ao próprio milagre aleatório que é a existência deles. Ele começa a enxergar a beleza que existe na Terra e nos humanos.
… Tinha também ouvido falar que os humanos eram uma forma de vida de inteligência mediana, na melhor das hipóteses, e tinham uma tendência à violência, profunda vergonha sexual, poesia ruim e a andar em círculos.
Porém essa sua nova iluminação vai de encontro diretamente com suas ordens, com a sua missão. Ele sabe que deve matar Isobel e Gulliver para ter certeza que o enigma de Riemann se manterá insolúvel, porém, será que conseguirá fazer o que deve? E afinal, a existência dos humanos vale a pena? Ou nós estamos apenas presos em uma estrada que dará na nossa própria destruição? E o que nos torna humanos?

Quando eu vi esse livro disponibilizado pela nossa parceira Jangada, eu sabia que eu tinha de lê-lo, sem nem ao menos ler a sinopse. Isso porque eu sou fã do autor e sem dúvidas leio sem qualquer receio qualquer livro dele. E mais uma vez não me decepcionei.

A narrativa de Os Humanos é extremamente leve e ao mesmo tempo profunda. Encaramos os defeitos e qualidades da raça humana através dos olhos de um ser imparcial, que nos enxerga como somos. No início tudo que ele consegue ver são os nossos muitos e aparentes defeitos, mas ao nos conhecer mais profundamente ele começa a enxergar tons de cinza da nossa existência. Andrew (ET) é cativante, inteligente, ingênuo, sarcástico e com um humor seco impagável. A leitura toda flui de forma expontânea e super rápido, eu devorei uma página após a outra. Os capítulos, em sua maioria, são curtos, o que faz o livro se torna ainda mais fluido.

A edição do livro está linda, a capa é muito fofa e a qualidade está excelente. Como nos outros livros do autor, Os Humanos nos faz refletir ao mesmo tempo que nos faz rir. Uma ficção científica existencialista. Não tive dúvidas na hora de dar 5 estrelas para esse romance e mais do que recomendo esse livro para todos!
Mas a definição de louco na Terra parece ser muito obscura e inconsistente. O que era absolutamente são em um período torna-se insano em outro.(…) Assim, temos de concluir que a loucura é algumas vezes uma questão de época, e outras, de endereço. Basicamente, a regra-chave é: se quiser aparentar sanidade na Terra, é preciso estar no lugar certo, vestindo as roupas certas, dizendo as coisas certas e pisando apenas no tipo certo de grama.
Classificação


Sobre o autor

Matt Haig nasceu em Sheffield, na Inglaterra, em 1975. Ele livros adultos e infantis, frequentemente mesclando, com um toque sutil, os mundos da realidade doméstica e da mais absoluta fantasia. Seus romances mais famosos já foram traduzidos em 28 idiomas. Ele também é um premiado escritor de livros infantis. O jornal The Guardian descreveu seu texto como "deliciosamente estranho", e o New York Times o chamou de "romancista de grande talento", cuja narrativa é "engraçada, fascinante e comovente". Atualmente, Matt mora em York e Londres.








20 comentários:

  1. querida Patrícia, já fiquei sorridente ao me deparar com "cuspir não é cumprimento", rsrsrsrsrs. fiquei imaginando a cena dos ETs se cumprimentando. e tem mais, com relação à lógica, logo pensei no frio e analítico Spock. é a imagem da perfeição, só que não. os sentimentos fazem toda a diferença! e acho que o ET em questão começa a analisar as sensações e perceber que a lógica nem sempre nos dá a resposta correta - a beleza não se mede, não se pesa, não se calcula, mas pode ser sentida. você acertou mais uma vez a mão em sua escolha (você atrai livros bons). 5 corujinhas, preciso ler também. ótima dica, novamente. parabéns pela resenha curiosa e esperta!

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    1. É exatamente por aí, estou achando que o Andrew passou algum tempo com você.
      bjs.

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  2. Oi Patrícia tudo bem? Gostei da forma como você explicou sobre o Andrew sem deixar a resenha confusa. A hist´ria, embora não seja muito original também conseguiu me cativar. Só uma coisa que eu não consegui entender: o que o cachorro na capa tem a ver com a história? é spoiler? kkkkk pq quando vi a capa fiquei certa de que era um livro que falava sobre animais, ou do ponto de vista dos animais sobre os humanos. Bjosss

    http://www.porredelivros.blogspot.com.br

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    1. Não entrei em detalhes sobre o cachorro, hahahaha. Andrew (humano) possui um cachorro, que acaba fazendo amizade com o Andrew (ET).
      bjs.

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  3. Oii Patrícia, tudo bem?
    Gostei muito da sua resenha, é a primeira que vejo dessa obra que estou namorando a um tempinho já, acredito que seja uma história excelente e até para debatermos. Fiquei meio assim em relação ao cachorro, deve ser companheiro ou passa alguma mensagem durante a leitura?
    Beijoss

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    1. O cachorro não tem um papel tão importante assim na estória, apesar da capa. Ele se torna amigo do Andrew e existem várias cenas engraçadas envolvendo os dois.
      Bjs.

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  4. Oi, Patrícia, tudo bom?

    Os Humanos é definitivamente o meu tipo de livro. Adoro ETs, adoro essas quebras de paradigmas que nos fazem refletir durante a leitura... Me parece ser um livro muito bom, como você falou. Já anotei aqui e espero ter a oportunidade de ler. Parabéns pela resenha!

    Abraços,
    http://claqueteliteraria.blogspot.com.br/

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    1. Obrigada Lucas. Espero que você goste do livro tanto quanto eu.
      bjs.

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  5. Oii, tudo bom?
    Nunca tinha ouvido falar do livro, mas, infelizmente não faz muito meu estilo de leitura =/ Não gosto de coisas que envolvam Et's (nem filmes, nem livros... rs), mas, percebi que para quem gosta é um prato cheio viu! Assim como as outras pessoas, fiquei curiosa: o que seria o cachorro da capa? rs


    Beijos!
    @PollyanaCampos
    Entre Livros e Personagens

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    1. O livro é mais sobre a humanidade do que os ETs em si. É uma visão externa do nossos erros e acertos. Sobre o cachorro, ele acaba se tornando amigo do Andrew, mas não é tão impactante assim na estória.
      bjs.

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  6. Olá, vou ler essa obra esse mês...estou bem empolgada, pois tenho visto ótimas críticas.
    A resenha ficou muito boa.

    Abraços
    Literaleitura

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  7. Oie
    nossa, é a primeira resenha que leio sobre o livro e que bom que foi com tantos elogios pois acho que lerei em breve e espero gostar bastante da leitura, bela resenha

    Beijos
    http://realityofbooks.blogspot.com.br/

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  8. Olá, já queria esse livro desde que vi a capa dele entre os lançamentos da editora, e agora depois de ler sua resenha e conhecer mais sobre a história, quero ainda mais. Tenho que conhecer melhor esse ET e ver quais serão as escolhas que ele fará ao descobrir que os humanos não são tão ruins assim.

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    1. Olha que quando eu comecei a ler o livro, eu estava mais desanimada com a humanidade do que o próprio Andrew!
      Bjs.

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  9. Olá!
    Tudo bem?
    Adorei a sua resenha e a forma como você explica os acontecimentos do livro, parabens!
    Apesar da sua resenha, infelizmente esse livro não é para mim porque eu tenho um sério probleminha com et's... não curto livros, nem seriados, nada!!! haha

    beijos
    Mayara
    Livros & Tal

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    1. O livro é mais sobre humanos do que sobre ETs. O autor só usou de um ET para poder dar uma visão externa da humanidade.
      bjs.

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  10. Ola,
    nossa que historia diferente. Único livro de et, que me lembro ter lido, foi obsidiana, e acabei me apaixonando. Tanto que ando procurando títulos deste gênero de fantasia, e não é que cheguei aqui e me deparei com esta resenha.
    Ainda que seja fantasia, ele tem assuntos para serem refletidos, e foi exatamente por isso que me interessei muito mais por ele. Já adicionei na minha lista.
    Parabéns pela resenha!

    Beijos Ana Zuky
    http://www.meuinfinito.com.br/

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    1. Acho que você também irá gostar desse livro. Esse ET tem muito para nos ensinar sobre sermos humanos.
      bjs.

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Vamos ficar super felizes com seu comentário.
Já estamos até sentindo sua falta!
Volte logo tá?
Bjão
Equipe Cia do Leitor