sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

Resenha: Meia Guerra - de Joe Abercrombie

Meia Guerra
Mar Despedaçado 3
Joe Abercrombie
Editora Arqueiro

Sinopse: Apenas meia guerra é travada com espadas.
A outra metade é travada com palavras.
A princesa Skara vê todos os que ama morrerem na sua frente e o seu palácio ser consumido pelas chamas. Tudo o que lhe resta são palavras... Mas palavras podem ser tão letais quanto armas. Disposta a se vingar, ela enfrenta seus medos e aguça a inteligência, indo atrás de pai Yarvi.
O ministro de Gettland já percorreu um longo caminho desde a escravidão, fazendo aliados entre antigos rivais e estabelecendo uma paz instável. Porém, agora, a cruel avó Wexen arregimenta o maior exército desde que os elfos guerrearam contra a Divindade Única e põe Yilling, o Brilhante, como seu comandante – um homem que venera apenas a Morte.
Skara pode ser a peça que faltava para forjar de vez a aliança entre Gettland e Vansterland, alicerçada na fortaleza de seus antepassados, pronta a enfrentar a fúria do Rei Supremo. Nessa guerra, ela contará com o apoio de uma ministra inexperiente, mas leal, e de um matador imprudente que espera superar fantasmas de antigos conflitos sangrentos.
Neste último episódio da série Mar Despedaçado, finalista do British Fantasy Awards, Skara e Yarvi lideram a grande e aguardada batalha rumo a um desfecho inimaginável.
Resenha
Livro cedido de cortesia pela Editora Arqueiro para resenha.
Nesse último livro da trilogia do Mar Despedaçado nós iremos conhecer dois novos personagens, que irão se juntas aos já conhecidos na guerra contra o Rei Supremo. Como aconteceu no segundo livro, os personagens anteriores perdem o destaque que tinham e sendo assim, a narrativa será focada nesses dois novos e um antigo, que já conhecemos mas que não teve grande importância nos livros anteriores.
O orgulho vale pouco até mesmo para os vivos.
O grande destaque desse livro é a princesa Skara, uma jovem de 18 anos que vê sua vida ser destruída diante de seus olhos pelo campeão do Rei Supremo, Yilling, o Brilhante. Seu avô havia se juntado à aliança com Gettland e Vansterland, porém foi conhecido por sua ministra a voltar atrás e restabelecer a paz com o Rei. Porém esse esforço não serviu para nada, pois eles foram traídos pela avó Wexen, que acabou não cumprindo com sua palavra e matou tanto o rei quanto a ministra, sem contar os inúmeros civis de Throvenland. Além de todas as mortes, Throvenland ainda por cima foi incendiada pelo Yilling.
Os derrotados podem vencer no futuro. Os mortos perderam para sempre.
Sara consegue escapar por pouco e acaba buscando refúgio em Gettland, junto a sua prima, a rainha Laithlin. E é por lá que ela irá mais uma vez se juntar à aliança, para buscar a sua vingança pelo seu avô e pela sua terra. Mas engana-se quem pensa que Skara é uma daquelas personagens que não tem medo de nada, muito pelo contrário. Ela não sabe muito sobre o mundo ou a vida, e desde o ataque parece estar sempre com medo. Porém ela aprendeu com sua antiga ministra a demonstrar seus verdadeiros sentimentos e a manter uma máscara de força e determinação.
A nobreza não é demonstrada pelo respeito que damos aos mais elevados, mas pelo respeito que dedicamos aos mais baixos. Palavras são armas. Devem ser manuseadas com o cuidado adequado.
E ao que parece sua máscara é excelente, pois todos realmente acabam a vendo como uma mulher forte e decidida, que não tem medo de nada. Grande parte dessa fama também é conquistada graças as suas palavras, ela acaba descobrindo que tem o dom de dizer a coisa certa, no momento certo. Mesmo sem ter a força para lutar com uma espada, Skara acaba encontrando outra forma de participar dessa guerra e contribuir para a aliança.
Coragem e vida longa raramente andam juntas.
O outro novo personagem desse livro irá juntar à Skara, contra sua vontade, e se tornará seu guarda-costas. O nome é Raith, o carregador da espada do rei Gorm. Ele é um jovem que cresceu em meio à violência, e foi justamente a violência e a matança que o levou até onde ele e seu irmão estão hoje. Ele é um matador que nunca se importou muito com quantidade de sangue já derramou, ele sempre foi o primeiro a correr em direção à uma batalha. Mesmo sendo tratado como um cão pelo rei Gorm, ele considera o seu lugar invejável e admira o seu rei.
Você só pode dominar os temores enfrentando-os. Esconda-se e eles a dominam.
E não é só por causa da posição que ele tanto lutou para alcançar, ao seu enviado para Skara, Raith acaba ficando separado do seu irmão, a única família que ele tem. Sempre houve uma certa separação de deveres entre os irmão, Rakki é a inteligência, enquanto Raith é a força. Então Raith teme pela vida do irmão por ele não estar por perto para protegê-lo. Mas o que no início parece ser quase que uma punição para Raith, esse novo papel de guarda-costa da Skara acaba se revelando muito mais para ele. Ele começa a descobrir um lado dele que até então era desconhecido até para sim próprio e começa a perceber que ser um matador talvez não seja tudo o que ele poderia ser.
Todo conhecimento, como todo poder, pode ser perigoso nas mãos erradas. O que importa é o uso feito dele.
O antigo personagem que ganhou um destaque nesse último livro é o Koll, aquele menino do segundo livro que acompanhou Yarvi, Brand e Thorn na viagem pelo Divino e o Renegado. Pois ele agora já é um homem, aprendiz do pai Yarvi e que em breve irá prestar o seu exame ao Ministério. Só tem um porém, quando se tornar um Ministro, Koll deverá renegar qualquer possibilidade de ter uma família, mas ele está apaixonada pela Rin, a irmã mais nova do Brand. Ele quer ser o melhor homem possível, não quer decepcionar o pai Yarvi, mas também não quer decepcionar a Rin e o Brand. Mesmo não sendo nem um pouco corajoso, Koll acaba também se tornando uma importante peça nesse jogo que é a guerra contra o Rei Supremo. 
A confiança é como vidro. É linda, mas só um idiota coloca muito peso em cima.
Por mais que não tenha uma narrativa exclusiva, Yarvi continua sendo o personagem chave da trama. Seus esquemas nesse livro chegam à outro nível e eu estava sempre altamente curiosa em saber o que ele faria a seguir. Infelizmente eu não posso entrar em detalhes, afinal não quero estragar a graça de ninguém. Mas se você já chegou nesse terceiro livro, você já conhece muito bem a inteligência do Yarvi. 
Um guerreiro que não tem pelo que lutar, a não ser por si mesmo, não é mais do que um bandido.
A narrativa, como eu já disse, segue a Skara, o Raith e o Koll, dessa forma cobrindo toda a extensão da estória. Como nessa trilogia em nenhum momento são narrados os fatos que estão se desdobrando no lado inimigo, a estória fica ainda mais emocionante, pois não temos ideia do que irá acontecer a seguir, se os planos darão certo ou não. A forma como o autor leva os leitores através das páginas é uma coisa impressionante. Bastava alguns segundos para me fazer esquecer do mundo real e mergulhar completamente no Mar Despedaçado. Devorei o livro rapidamente, pois não existe outra forma de ler esse estória. Além de possuir uma escrita fluida, a estória te puxa com ganchos que sempre te fazem querer saber o que irá acontecer a seguir.
Todo mundo descobre um modo de tornar seu lado o correto, afinal de contas.
Joe mais uma vez conseguiu criar excelente personagens, pois novamente não temos heróis perfeitos. Mais uma vez temos seres humanos comuns, tentando fazer o melhor possível, repletos de medo, dúvidas e mesmo assim, coragem. É muito fácil simpatizar com os personagens, mesmo que eles não sejam sempre completamente bons. Muitas coisas importantes ocorrem nesse último livro, batalhas que me causaram princípios de infarto. Rolaram muitos momentos “por favor, não mate esse personagem”, mas não posso revelar o resultado das minhas rezas, hahaha.
Aproveite as fagulhas que uma pessoa provoca na outra. Elas são a única luz nas trevas do tempo.
Por muitas vezes me parecia que esse não seria o último livro, que ainda teria um próximo. De certa forma o autor poderia até fazer uma nova trilogia, pois esse universo do Mar Despedaçado é muito rico e ainda existem muitas estórias que gostaria de saber sobre aquele mundo e sobre vários personagens. Fica realmente eu decidir qual foi o melhor livro da trilogia, mas esse aqui é um forte candidato. O autor não me decepcionou, mas ainda assim me deixou com gostinho de quero muito mais. Então ainda tenho esperanças que um dia ele retorne à esse universo.
Os loucos e os idiotas não sentem medo. Os heróis temem e, mesmo assim, enfrentam o perigo.
Sobre a edição do livro, ela segue a linha dos dois primeiros, com páginas amareladas. A capa, mais uma vez, ilustra de forma maravilhosa os personagens do livro. Eu realmente amo as ilustrações dessa trilogia, são muito lindas.
As pessoas não são apenas covardes ou heróis. São as duas coisas e nenhuma das duas, dependendo da situação. Dependendo de quem esteja com elas, de contra quem elas estejam. Dependendo da vida que tiveram. Da morte que esperam.
Eu já recomendei o primeiro e o segundo livro, então com esse aqui não seria diferente. É um maravilhoso livro de fantasia, com uma estória única e personagens maravilhosos. O que não falta nessa trilogia são batalhas e sangue. Mas um aspecto que me conquistou ainda mais é que as batalhas não são ganhas apenas com força bruta, mas com inteligência também. Eu sou apaixonada por personagens inteligentes, que mesmo sem serem os mais fortes fisicamente, acabam mudando o rumo da história. Se você gosta de fantasia épica, sem dúvidas você deveria incluir essa trilogia na sua lista de próximas leituras. Você não irá se arrepender.
Apenas meia guerra é travada com espadas. - Ela pressionou a ponta do dedo na lateral da cabeça com tanta força que doeu, acrescentando: - A outra metade é travada aqui.

Classificação



Sobre o autor

Joe Abercrombie foi educado na Lancaster Royal Grammar School, só para rapazes, e na Universidade de Manchester estudou Psicologia. Tendo sempre o sonho de, sozinho, redefinir o gênero literário da fantasia, começou a escrever uma trilogia épica baseada nas desventuras de um bárbaro, Logen Ninefingers. Joe mudou-se para Londres, onde viveu em um cortiço de classe baixa com dois homens à beira da loucura. Com um esforço heróico e o apoio de sua família, Joe terminou A Lâmina, em 2004, sendo publicada junto de um público insuspeito em 2006. Desde então, a obra já foi publicada em catorze países e as sequências, Antes que Sejam Enforcados e O Último Argumento dos Reis, foram publicadas em 2007 e 2008, respectivamente.







5 comentários:

  1. Oi, Patricia! Adorei sua resenha! Acho incrível quando um livro consegue ir além do óbvio, como você disse que esse tratava a guerra além da força bruta mas com inteligência! Fiquei bem curiosa, vou colocar a trilogia na minha lista! Beijos!

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  2. Oi, tudo bom?
    Caraca, que resenha incrível! Adorei todos os detalhes que você apontou a respeito e assim que vi entre os lançamentos da Editora Arqueiro confesso que me senti totalmente interessado pela história. É a primeira resenha que leio a respeito dele e estou doido para conhecer a escrita <3 Parece ser fantástico!

    Abraços,
    www.residiu.tk

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  3. Oiii tudo bem??

    Acho que já ouvi falar dessa serie, só não me recordo onde.
    Como é um gênero que não me interessa muito, acabei que não devo ter procurado saber sobre a historia antes.
    Mas lendo sua resenha acabei me interessando um pouco, vou procurar a resenha dos 2 primeiros e realizar a leitura.
    Adorei
    Bjus Rafa

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  4. Oi Patricia.

    Gostei da sua resenha, mas infelizmente não é um gênero que leio com frequência.Mesmo assim encontrei informações interessantes e não vou descartar a possibilidade de lê-lo se uma chance aparecer.

    Bjos

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  5. Oi Patty,
    Tenho uma amiga que ama essa série, e de tanto que já ouvi ela falar estou começando a me sentir obrigada a ler hahahahah. Adoro fantasia e parece que estou perdendo uma grande série aqui, então vou seguir os bons conselhos e anotar a leitura para ainda esse ano.

    Bjs

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Bjão
Equipe Cia do Leitor