segunda-feira, 25 de junho de 2018

Resenha: Os Portais da Casa dos Mortos - de Steven Erikson

Os Portais da Casa dos Mortos
O Livro Malazano dos Caídos - Livro 2
Steven Erikson
Editora Arqueiro


Sinopse: Já se passaram dez anos desde que Laseen tomou o trono com um ardil traiçoeiro, mas, à medida que o Ano de Dryjhna se aproxima, o Império Malazano se vê à beira da anarquia, enfraquecido pelos acontecimentos na cidade de Darujhistan. Muitas das regiões controladas pelo punho de ferro da imperatriz ameaçam acender a fagulha da revolução.
No meio do vasto domínio das Sete Cidades fica o Deserto Sagrado Raraku, onde estão os resquícios de incontáveis civilizações extintas há muito tempo. Nesse lugar repleto de segredos e magia, a Vidente Sha’ik e os seguidores do Apocalipse preparam um levante contra o poderoso império, conforme previsto nas antigas profecias.
Enquanto as forças convergem contra Laseen, ela reúne um exército de assassinos, feiticeiros e espiões para combater a rebelião e ampliar seu império cruel. Em meio a uma fúria e um poder jamais vistos, o mundo está prestes a mergulhar em uma guerra sangrenta, capaz de mudar os destinos de homens e civilizações, criando lendas que atravessarão os séculos.

Resenha
Livro cedido de cortesia pela Editora Arqueiro para resenha.

Após todos os eventos ocorridos ao longo do primeiro livro e depois de uma espera de um pouco mais de 1 ano, finalmente dei continuidade na minha aventura pelo Império Malazano e suas tramas. No início tive que relembrar todos os acontecimentos, pois como vocês bem sabem, esse livro tem muitos personagens e conspirações de sobra. Mas após poucas páginas eu já estava novamente totalmente imersa nesse universo. E dando continuidade à estória, esse livro já se inicia em meio a muita ação.
Nem todos os passados podem ser colocados diante de nós, e aqui e agora não estamos mais perto do que já estivemos. E não tenho nenhuma razão para duvidar de minhas palavras.
O livro acaba tendo uma narrativa dividida em diversas tramas, como aconteceu no primeiro livro. O que nos permite acompanhar diversos acontecimentos e a enxergar a guerra de uma forma mais ampla. Esse tipo de narrativa é maravilhosa quando estou lendo, mas é terrível na hora de resenhar. Como diversos acontecimentos estão sutilmente intricados, eu vou tentar ao máximo não entregar nenhum spoiler, e por isso, não poderei me aprofundar muito nos acontecimentos.
Respostas não são benções, amigo.
O Ano de Dryjhna está chegando e a revolução está se espalhando pelas Sete Cidades como fogo. E a derrota do Império em Darujhistan é nada em comparação com o que aguarda o exército. E o coração dessa revolução está no deserto de Raraku, onde se encontra Sha’ik, uma vidente que foi profetizada para ser a líder de tal revolução. Seu exército do Apocalipse está retomando diversas cidades. Dentre os diversos acontecimentos que citei, muitos deles estão ligados à essa revolução.
Quando ela não estava à vista, era sinal de problemas a caminho. Quando ela não estava à vista, você vigiava sua retaguarda. Além disso, se o Patrono dos Assassinos escolhesse possuí-la mais uma vez, o primeiro aviso que receberíamos seria a lâmina de uma faca no meio da garganta.
Os personagens que conhecemos estão dispersos pelas Sete Cidades, agora considerados traidores pelo Império Malazano, eles estão envolvidos em suas próprias batalhas e intrigas. Nem todos irão aparecer ao longo desse livro, alguns apenas serão citados. Uma das personagens que mais se destacam nesse volume é a irmã mais nova do Paran, Felisin. Uma garota nobre de 15 anos que sua vida virar de cabeça para baixo após sua irmã a entregar para a escravidão. Sua irmã é Tavore, a mais nova conselheira da Imperatriz Laseen, que para se reafirmar em seu cargo e provar sua lealdade, ainda mais após a suposta traição do irmão, entrega a irmã sem pensar duas vezes. Felisin acaba se juntando com ex alto sacerdote de Fener e um bandido para se manter a salva, ela rapidamente compreende como o mundo funciona e tudo o que é necessário para se manter viva, sempre focando em um dia se vingar da irmã.
Só dois tipos de pessoa morrem em batalha. Tolos e azarados.
Enquanto isso, Kalam, Violinista, Apsalar e Crokus estão temporariamente juntos. Os planos de Apsalar e Crokus são bem simples, eles apenas querem retornar para o antigo vilarejo de Apsalar, para que a mesma possa reencontrar o pai. E não demora muito tempo para que Kalam se separar deles, pois os planos dele são completamente diferentes. Ele tem apenas um objetivo, matar a Imperatriz Laseen, após o que ele considera a traição da mesma para com seus companheiros. Então Kalam partirá em sua missão solo, em busca da sua vingança / justiça, mas antes mesmo de chegar perto de cumprir o seu objetivo, ele pretende jogar ainda mais gasolina na fogueira da revolução, levando o livro sagrado da Sha’ik diretamente para suas mãos, para que ela possa cumprir mais uma etapa da revolução profetizada. Apesar de gostar de ficar sozinho, o futuro reserva algumas surpresas para Kalam, surpresas essas que deixarão a sua viagem muito mais interessantes, e longa também.
Lutar é para pessoas que falharam em todo o resto.
Enquanto isso, os outros três viajantes, se atém ao plano inicial, porém seus caminhos são muito mais tortuosos que qualquer um poderia imaginar. Então não se trata mais de uma simples viagem até um vilarejo e sim de se envolverem mais uma vez em uma trama que vai muito além deles. E nessa jornada eles irão fazer novos amigos importantes e enfrentarão perigos tão absurdamente grandes que não dá nem para resumir em um adjetivo.
Você molda suas ideias em pedra, mocinha. Não me admira que as pessoas sempre a surpreendam.
Outra trama que desenrola nesse livro, a que por sinal eu considero a principal, é que envolve o Sétimo e o Alto Punho Cotaine. Vocês devem se lembrar que ele foi citado diversas vezes no primeiro livro, mas teve uma participação praticamente inexistente. Nesse livro ele se torna um dos personagens principais, e eu diria que sem dúvidas foi o mais importante. Após a perda da cidade de Hissar, Coltaine, junto com o Sétimo e Wickanos, irão começar a empreender uma jornada que ficará na memória dos malazanos e de seus inimigos também. Juntos com os soldados se encontram milhares de refugiados de Hassar, que Coltaine jurou lutar para proteger até entregá-los em uma cidade segura. Essa jornada acaba se provando nem um pouco fácil com o exército do Apocalipse os acompanhando e batalhando contra eles constantemente. Com o peso da vida dos refugiados e com batalhas de tirar o fôlego, nós finalmente iremos desvendar, embora não completamente, os mistérios desse personagem, tão pragmático. Esse conjunto dos soldados do Coltaine e mais os refugiados acaba sendo conhecido como Corrente do Cão e o nome do Coltaine a cada batalha vai se tornando um xingamento na boca de seus inimigos e uma reverência para os malazanos.
A vitória tem um sabor mais doce na ausência de lembranças assombradas.
Não ouso ir muito além na descrição dos fatos desse livro. Sei que essa resenha não chega nem perto de fazer jus à grandiosidade da obra, porém poucos livros que já li foram tão difíceis de resenhar. Essa série é extremamente rica, são muitos personagens e muitas estórias, tudo acontecendo simultaneamente em diferentes lugares, tudo de certa forma conectado. As intrigas não estão restritas aos humanos, as guerras que eles travam. Nos temos ainda os Ascendentes e todas as outras raças não-humanas, que nesse livro se mostram muito mais ativas do que no anterior.
A sordidez cresce como um câncer em toda e qualquer organização, humana ou não, como você bem sabe. E a sordidez se torna ainda mais sórdida. Qualquer maldade que você deixe cavalgar acaba se tornando trivial. O problema é que fica mais fácil se acostumar a ela do que extirpá-la.
A forma que o autor constrói a narrativa, ou devo dizer, tece, faz com que parece que o próprio talvez também seja um mago. Não é preciso muito esforço para se ver imerso em meio as batalhas e viajando por terras desconhecidas. E o que falar sobre os personagens? Eu considero realmente incrível o fato de um livro possuir tantos personagens e ainda assim todos serem tão únicos. Eles são incríveis e fico constantemente preocupada com eles, aquele desespero básico quando o Encapuzado se aproxima. Assim como existem personagens que amo, existem muitos outros que mal posso esperar para ver morrer da forma mais terrível possível, hahaha.
Alguns guerreiros se preparam para viver, alguns se preparam para morrer, e, nessas horas antes de o destino se desenrolar, é difícil pra cacete distinguir um tipo de soldado do outro.
A cada volume que passa eu fico ainda mais viciada nesse universos, querendo saber cada vez mais e mais. Eu não tenho certeza sobre os eventos que ainda irão se desenrolar e isso é maravilhoso. Poder ler uma obra tão rica é fantástico e por isso mesmo eu não me canso de agradecer à editora Arqueiro por publicar essa série, e também por me enviar como cortesia para resenha. Mais uma vez dei 5 estrelas e favoritei. A edição desse segundo livro mantém o padrão do anterior e mais uma vez a arte da capa é linda. Dessa vez ela retrata… bem, deixa quieto, hahaha.
Massacres não precisam de motivos, senhor, pelo menos não dos que possam resistir a um desafio. A natureza diferente é a primeira das razões, a única necessária, na verdade. Terra, dominação, ataques preventivos… Todos são desculpas, justificativas mundanas que estão ali apenas para disfarçar a simples distinção: eles não são nós; nós não somos eles.
Se tem uma série que recomendo sem restrição, essa série é essa. Já viciei vários amigos nesse universo e todos eles me agradeceram. Então quando digo para você, que é fã do gênero, que a leitura dessa série é obrigatória, acredite em mim. Não perca mais tempo e vá ler essa obra prima!

Classificação



Sobre o autor

Steven Erikson é o pseudônimo de Steve Rune Lundin , escritor canadense, que foi educado tanto como arqueólogo como antropólogo.

Sua obra mais conhecida é a série de fantasia de dez volumes O Livro Malazano dos Caídos (Malazan Book of the Fallen), que até 2006 tinha vendido mais de 250.000 cópias no mundo. O site SF e Review Fantasy Books chamou a série de "a melhor série de fantasia dos últimos tempos".








8 comentários:

  1. Não conhecia o livro ou mesmo o seu antecessor, mas o que mais me chama atenção nessa fantastica aventura é que mesmo com a quantidade de personagens eles se mantém únicos. Fiquei curiosa para conhecer esse universo que te cativou, então voou anotar esse nome e procurar saber mais dessa série.

    Abraços.
    https://cabinedeleitura0.blogspot.com/

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  2. É uma maravilha quando uma série nos prende tao bem que nao conseguimos pensar em mais nada a nao ser em como ela é incrivel, ne? A Arqueiro tem mandado muito bem nesse quesito. Confesso que eu nao conhecia a obra mas sua resenha é tao animada que vou procurar um pouquinho mais a respeito.

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  3. Oii!
    Não conhecia essa série ainda, mas fiquei curiosíssima pelo simples fato de você ser tão apaixonada por esse universo. E fiquei morrendo de vontade de descobrir mais sobre esse enredo encantador.
    Beijos!

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  4. Nossa, não conhecia a série, mas achei bem legal. Faz tempo que não leio livros assim. E já aconteceu comigo várias vezes tb de pegar um livro de uma série, não lembrar do inicio e precisar dar uma relida rs
    Vou procurar essa séie, achei bem interessante.
    Bjos

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  5. Olá eu tenho curiosidade de ler livros desse autor. Gostei da sua resenha e fiquei curiosa com essa serie dica anotada

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  6. Oi Patrícia, tudo bem com você?
    Eu amei esse livro, mas confesso que gostei mais do primeiro rs... Estou ansiosa pela continuação, pois tenho a impressão de que teremos muitas reviravoltas pela frente.
    Bjkas

    http://www.acordeicomvontadedeler.com/

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  7. Olá Patrícia,
    Alguns livros de fantasia são tão complexos que é bastante difícil resenhar, não é? Eu ainda não tinha tido nenhum contato com essa obra até então e confesso que, apesar de você ter curtido muito a leitura, não fiquei interessada para ler. Esse monte de trama que acontece no livro me preocupa e acho que poderia gerar confusão pra mim, pelo menos, por agora.
    Adorei sua resenha, mas vou passar a dica por enquanto.
    Beijos

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  8. Oi Paty!
    Tenho visto esse livro nas campanhas da Arqueiro e nas resenhas dos blogs, mas o enredo não me chamou a atenção, acho que por essas muitas tramas que estão no enredo. Quem sabe no futuro né?Bjs!

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Equipe Cia do Leitor