Resenha: A Senhora do Império - de Raymond E. Feist & Janny Wufts

A Senhora do Império

A Saga do Império - Volume 3

Raymond E. Feist & Janny Wufts

Editora Arqueiro

Skoob

Sinopse: Em Kelewan, Mara, a Senhora dos Acoma, sente-se segura e em paz pela primeira vez na vida – até que seus inimigos tentam matá-la e acabam tirando a vida de seu filho. Abalada pela tragédia e cercada por espiões, assassinos e casas rivais, ela enfrentará o maior desafio de sua vida e sofrerá ainda mais perdas durante esse trajeto.

Em busca de justiça, ela verá seus planos frustrados pela Assembleia de Magos, que detém o poder real do Império e mantém a população dócil e domesticada, e também pelos terríveis Mantos Negros, que encaram Mara como a ameaça suprema ao seu poder ancestral.

Então, para assegurar a paz, Mara deverá viajar para além das fronteiras da civilização, desvendando antigos segredos até os portões de Chakaha, a cidade dos estranhos cho-ja. Reunindo toda a sua coragem e astúcia, a Serva do Império iniciará sua maior batalha em nome da sua vida e do seu lar.

Resenha

Livro cedido de cortesia pela Editora Arqueiro para resenha.

Depois de todas as conquistas da Mara no último livro, ela acaba ganhando, merecidamente, alguns anos de paz. Ela se casou com Hokanu, que assumiu o seu filho Justin, filho biológico do Kevin, tornando-o seu herdeiro. Como Serva do Império, o cargo de Senhor da Guerra extinto e contando com os exército dos Acoma e dos Shinzawai, Mara acaba contando que estavam agora seguros das maquinações do Grande Jogo. Porém, ela estava terrivelmente enganada e como sempre, a paz dela não dura muito tempo. Ainda mais depois que o livro começa, porque os autores não tem piedade e já começam com força total, hahaha…

Após uma tentativa de assassinato fracassada contra Mara, quem acaba morrendo é seu filho Ayaki. Embora o assassino fosse um Hamoi, pistas indicam que o contratante seria o Jiro dos Anasati, tio do garoto e inimigo mortal da Mara. É claro que nem tudo é tão simples como parece e tão pouco pode ser resolvido facilmente. Os Hamoi são lendários por nunca deixar pistas sobre seus contratantes, o que deixa tudo extremamente suspeito. Mas Mara não está raciocinando direito, pois acaba de perder o filho que tanto ama. E sendo ou não Jiro responsável pelo ataque, ela quer sangue e vingança pela morte do filho.

Por mais que Hokanu tenha suas dúvidas sobre a autoria, ele também sabe que alguém terá de pagar pelo crime. E como pai adotivo do Ayaki, ele está querendo tanto sangue quanto ela. E parece que sem dúvidas tudo terminará em guerra, em uma grande guerra na verdade. Porque não são só as casas envolvidas que irão para essa guerra, pois os clãs também foram convocados para lutar. E quando já estava tudo pronto para começar, eis que os Mantos Negros se envolvem na estória para piorar e complicar ainda mais as coisas.

Estava em jogo mais do que uma rixa entre famílias poderosas. Mara era uma figura proeminente da corte do Imperador e sua queria faria estourar uma guerra civil.

Eles decidem que uma guerra entre Mara e Jiro podem causar uma guerra civil de grandes proporções e proíbem qualquer uma das famílias de entrar em guerra com a outra. A Assembléia dos Magos está dividida, pois parte dela não anda gostando nem um pouco das mudanças impulsionadas pela Mara e pelo Imperador, enquanto outros até que estão curiosos para saber aonde isso tudo vai dar. Então parte dos Magos gostariam muitíssimo que a Mara desaparecesse e outra parte simpatiza com ela e tenta defendê-la.

Agora, devido a ordem dos Grandes, se Mara tentar ataca Jiro ela será executada pelos Magos. Sem ter como vingar a morte do seu filho, Mara acaba procurando uma forma de desatar suas mãos. Pela primeira vez um Senhor, ou no caso Senhora, decide que os Grandes tem poder demais nas mãos e enxerga a injustiça de eles estarem acima da lei. Ela decide que já passou da hora de descobrir um jeito de impedir que Assembléia faça o que bem entenda, de tirar deles o poder de exterminar com a vida de centenas sem que ninguém questione.

Temos de fazer o que nunca foi feito desde que o Império existe, meus fiéis amigos. Temos de descobrir uma forma de contrariar a vontade dos Grandes.

Com sua família sob o foco dos Magos, Mara começará uma jornada atrás de respostas, atrás dos maiores e mais antigos segredos do Império. E para isso ela terá que ir muito além das fronteiras do Império e até mesmo procurar o conhecimento além da raça humana. E ao mesmo tempo que procura por tais respostas, ela ainda tem de se preocupar com novos ataques da seita dos Hamoi, com conspirações do Jiro, que junto com outros Senhores, criam a Facção Tradicionalista para se opor as mudanças no Império, e principalmente se opor à Mara. E além disso tudo, a Assembléia também não ficará sentada, quietada, deixando a Mara procurar por seus segredos. Mara finalmente irá enfrentar o maior inimigo que ela poderia ter, resta saber se ela e todos que ela ama irão sobreviver a tal desafio.

Diversos acontecimentos ao longo dos últimos anos me levaram a questionar as motivações dos Mantos Negros. Por tradição, tomamos como certo que agem em prol do bem do Império. Mas a perspectiva não seria diferente se na realidade as coisas não fossem bem assim? (…) e se a sabedoria da Assembléia for usada apenas para seus interesses?

Quando eu disse lá em cima que o livro já começa com tudo eu realmente não estava mentindo. Desde as primeiras páginas até o final, esse livro é mais do que simplesmente eletrizante. Você não consegue ter nem um minutinho de sossego para recuperar o fôlego. A escrita dos autores mais uma vez é magistral e te prende como um verdadeiro feitiço. Porém, tal escrita acaba por também te impedindo de ler o livro todo de uma vez. É sério, por mais desesperada que estava para saber o que iria acontecer, por vezes eu não conseguia continuar a leitura sem uma pequena pausa, pois estava seriamente correndo o risco de infartar. Tive vários ataques de pânico!

Como a estória é narrada em terceira pessoa, nós acabamos acompanhando eventos diversos, que estavam ocorrendo com vários personagens. Então sabemos o que acontece com a Mara, mas também sabemos, parcialmente, dos planos de seus inimigos. O que nos leva à um desespero absoluto!

No início do livro, devido a perda do filho, a Mara não se mostra tão genial como nos outros livros. O que me fez querer dar uns tapas nela para que recobrasse a razão antes que fosse tarde demais. É claro que eu entendo o motivo pelo qual a personagem se portou da forma que o fez, afinal, se ela não sofresse pela morte do filho, ela acabaria sendo tão terrível como seus inimigos. Mas mesmo assim é difícil racionalizar essas coisas lendo sobre os planos do Jiro, hahahaha…

Mas não se preocupem, a Mara nesse livro é mais uma vez uma estrategista genial e como sempre consegue nos consegue surpreender e nos arrastar por seus planos altamente elaborados. Vocês não irão ficar desapontados. Um personagem com muito mais destaque nesse livro foi o Hokanu e ele ganhou completamente o meu coração. Ele já dava sinais de ser maravilhoso no outro livro, mas nesse, com vários capítulos tendo ele como foco, eu conheci muito mais o personagem e não tem como não amá-lo. Mais uma vez a passagem do tempo nesse livro é implacável, diversos anos irão passar ao longo das páginas, nos mostrando novamente como as estratégias do Grande Jogo são extremamente bem planejadas, como a paciência é vital para conseguir vencer o inimigo.

Esse livro se superou de forma formidável, além dos vários ataques cardíacos, das intrigas, dos personagens maravilhosos e tudo mais, um outro gigantesco destaque é a história do Império. Finalmente descobrimos várias coisas, que não posso revelar o que são, que realmente não imaginava. Coisas que pareciam tão simples e que na verdade escondiam muito mais por trás. A origem dos costumes pode ser muito mais complicada do que aparenta a primeira vista. São tantas coisas que acontecem ao longo desse livro que é impossível eu conseguir falar de todas, ainda mais sem acabar soltando um spoiler.

A edição do livro está linda, a capa mais uma vez tem uma arte maravilhosa. As páginas são amareladas e a fonte não está pequena, o que geralmente ocorre nos livros gigantes de fantasia. Devo dizer que esse livro me deixará com uma enorme ressaca literária e é claro que eu dei 5 estrelas para ele e o favoritei. Fico realmente supresa por uma saga tão boa como essa e da anterior, O Mago, ter demorado tanto tempo para chegar por aqui. Espero sinceramente que a editora Arqueiro publique os demais livros do autor, pois já me sinto totalmente órfã, e agradeço pelos livros já publicados.

Se você curte fantasia, essa saga é leitura obrigatória. Sem dúvidas é uma das melhores sagas que já li e será difícil superar o fim dela.

(…) nunca antes as apostas haviam sido tão altas. Dessa vez, o prêmio, o pomo da discórdia, era o próprio Império de Tsuranuanni.

Classificação

Sobre os autores

Raymond E. Feist é um dos nomes mais importantes da história da literatura fantástica. Nasceu no Sul da Califórnia e, atualmente, vive em San Diego. Traduzido em mais de trinta países, Mago foi o seu primeiro livro e serve de base para uma vasta obra que tem conquistado, ao longo dos anos, as listas de best-sellers dos jornais The New York Times e The Times of London.

Janny Wurts é autora de vários romances de sucesso, entre os quais The Wars of Light and Shadow, a trilogia Cycle of Fire e várias coletâneas de contos. É também conhecida por seus trabalhos de ilustração e pintura na área de fantasia e ficção científica. Vive na Flórida com o marido, o artista Don Maitz.