Resenha: Abominação - de Gary Whitta

Abominação

Gary Whitta

Editora DarkSide

Skoob

Sinopse: O primeiro romance de Gary Whitta, também autor do aclamado Star Wars: Rogue One, é uma aventura para os leitores mais valentes.  Whitta transforma o gore em momentos de grande beleza. Abominação é uma mistura épica entre fantasia histórica, ficção científica e a magia da cultura nórdica.

A era medieval é muito mais conhecida por seus mistérios do que por seus registros históricos. Talvez seja melhor assim. Há quem acredite que estaremos mais seguros enquanto não soubermos de toda a verdade. Mas quem disse que as lendas não podem ser mais reais do que você imagina? Abominação reconta um dos capítulos mais sangrentos da história da Inglaterra: as invasões vikings do século IX. Apresentando personagens e batalhas reais, sua narrativa vai muito além do que poderíamos encontrar nos livros de história. Com influências de Lovecraft a Game of Thrones, vem sendo recebido mundo afora como um novo clássico para fãs do gênero. 

O reino de Wessex foi o único da Inglaterra que escapou dos invasores nórdicos. Seu rei, Alfredo, negocia um acordo com os bárbaros do Mar do Norte, mesmo sabendo que eles não são adeptos da paz. É preciso estar preparado, a guerra pode recomeçar a qualquer momento. O arcebispo da Cantuária oferece proteção ao reino, através de feitiços descobertos por ele em velhos pergaminhos. O rei só não poderia imaginar que a magia seria ainda mais perigosa que os próprios vikings. 

Resenha

O reino de Wessex é o último refúgio inglês após a invasão nórdica alguns anos antes. O seu rei, Alfredo, conseguiu uma paz temporária ao fazer um acordo com o rei da Dinamarca. Porém tal rei da Dinamarca encontra-se velho e doente, e a possibilidade de a guerra se reiniciar é mais real do que nunca. Temendo pelo futuro do seu país ao se lembrar de como quase Wessex também foi dominada pelos temíveis nórdicos, Alfredo busca formas de fortalecer seu exército.

E é devido à essa busca que ele acaba dando ouvidos ao arcebispo Aethelred, que encontrou pergaminhos antigos com uma magia capaz de transformar animais em terríveis bestas. Lógico que não demora muito para Aethelred passar dos animais aos seres humanos na sua busca por uma arma capaz de massacrar os nórdicos. E é nesse momento que Alberto percebe que ele deu corda demais para um lunático e decide dar um basta. Mas a realidade nem sempre é tão simples.

Aethelred obviamente consegue evitar ser preso e foge, munido de toda a sua arte malígna. Alberto então decide chamar o seu cavalheiro mais corajoso, um velho amigo que salvou sua vida durante a guerra contra os vikings. Esse cavalheiro é Wulfric, um homem que nunca quis pegar em uma espada, mas que quando a guerra chegou descobriu que havia nascido para a guerra. Em tempos de paz Wulfric não é nada senão um simples fazendeiro, mas é quando pega em uma espada que o verdadeiro dom Wulfric se revela. Ele é, segundo o próprio, um assassino nato.

E Wulfric acaba sendo convocado pelo seu rei a perseguir e acabar com a ameaça das abominações de Aethelred. A partir de então, a vida de Wulfric muda completamente.

Bem, o que posso dizer sobre essa estória. Acho que o meu principal sentimento sobre ela foi decepção. O marketing do livro me prometia uma fantasia épica com vikings, o que não é nem remotamente a estória desse livro. O máximo que temos de vikings nesse livro são breves citações sobre uma guerra que já passou e talvez um futuro inimigo. O enredo do livro segue por caminhos completamente diferentes do que sugere a própria sinopse do livro.

Embora esse tenha sido o problema principal que encontrei, pois afinal me senti ludibriada, esse problema não foi o único. Também tive problemas com a narrativa e a construção dos personagens. A estória, que tem até uma proposta boa, se desenvolve de forma rasa e com caminhos óbvios. Os personagens também não chegam a me cativar, por vezes a personalidades dos mesmos sofrem mudanças bruscas para, ao meu ver, suprir as necessidades do autor por estereótipos em certas partes da trama. A estória carece de um vilão, de uma jornada, enfim, de um foco principal. A grande a reviravolta da estória não é nenhuma reviravolta, mas sim algo bem óbvio.

O livro é divido em duas partes. Na primeira o foco é mais claro, mas na segunda parte senti que a estória apenas ficou andando em círculos sem chegar a lugar algum e enfim terminando de maneira extremamente abrupta. 

A edição do livro é maravilhosa, sem a menor dúvida. Por sinal, esse foi um caso clássico de livro que comprei pela capa, mas que acabou me decepcionando. Por sinal, essa edição fez com que eu desse uma estrela a mais para o livro. Pela estória propriamente dita, eu daria 2 estrelas, mas com a edição divina, acabei fechando em 3 estrelas.

Sinceramente, na minha opinião, esqueçam tudo que está dizendo a sinopse desse livro. Ele não é épico, não tem nada de magia da cultura nórdica (sequer aparece um nórdico em carne e osso em toda a estória). Chamar esse livro de novo clássico para o gênero chega a ser ligeiramente ofensivo, quando consideramos os livros que atualmente ocupam essa posição.

Mas não se esqueçam que a opinião sobre um livro muda de acordo com a pessoa que o está lendo. Assim como eu não gostei, várias outras pessoas amaram, inclusive deram 5 estrelas para ele. Se eu recomendo o livro? Dependendo da pessoa sim. Mas deixo bem claro que não recomendo aos fãs do gênero, pois esses, creio eu, também irão ficar decepcionados.

Classificação

Sobre o autor

Gary Whitta é um nerd profissional. Foi editor-chefe da PC Gamer e roteirista de jogos como The Walking Dead: The Game e Halo 5: The Guardians. Fã confesso de Tolkien, é um dos criadores do enredo de Rogue One: Uma História Star Wars. Escreveu os roteiros de O Livro de Eli, Depois da Terra e da série de animação Star Wars Rebels. Fez figuração como “zumbi de pijama” na primeira temporada de The Walking Dead. ABOMINAÇÃO é seu primeiro romance.