sábado, 29 de outubro de 2016

Resenha: Depois daquela montanha - de Charles Martin

Depois daquela montanha
Charles Martin
Editora Arqueiro

Sinopse: O Dr. Ben Payne acordou na neve. Flocos sobre os cílios. Vento cortante na pele. Dor aguda nas costelas toda vez que respirava fundo.
Teve flashes do que havia acontecido. Luzes piscavam no painel do avião. Ele estava conversando com o piloto. O piloto. Ataque cardíaco, sem dúvida.
Mas havia uma mulher também – Ashley, ele se lembra. Encontrou-a. Ombro deslocado. Perna quebrada.
Agora eles estão sozinhos, isolados a quase 3.500 metros de altitude, numa extensa área de floresta coberta por quilômetros de neve. Como sair dali e, ainda mais complicado, como tirar Ashley daquele lugar sem agravar seu estado? À medida que os dias passam, porém, vai ficando claro que, se Ben cuida das feridas físicas de Ashley, é ela quem revigora o coração dele. Cada vez mais um se torna o grande apoio e a maior motivação do outro. E, se há dúvidas de que possam sobreviver, uma certeza eles têm: nada jamais será igual em suas vidas.
Publicado em mais de dez países, Depois Daquela Montanha chegará às telas de cinema em 2017, com Kate Winslet (de Titanic) e Idris Elba (de Mandela) escalados para os papéis principais de uma história que vai reafirmar sua crença na vida e no poder do amor.
Resenha

Livro cedido de cortesia pela Editora Arqueiro para resenha.
Ben Payne é um cirurgião ortopedista bem sucedido que está voltando de um congresso. Só que ele realmente não está com sorte, isso porque o seu vôo está atrasado devido à problemas climáticos, mais especificamente, uma super nevasca. Enquanto espera a saída do seu vôo, ele acaba conhecendo Ashley, uma colunista com humor de sobra, que está prestes a se casar, isso é claro se ela conseguir sair daquele aeroporto em algum momento.
Você estava certa. Certa o tempo todo. Sempre há esperança.
Sempre.
Após o vôo ser oficialmente cancelado, Ben decide fretar um avião que o leve até Denver a frente da tempestade. Antes de entrar no avião ele se lembra da noiva atrasada para os preparativos do próprio casamento, e resolve fazer uma boa ação, a convidando para ir com ele.

Mal sabia ele que na verdade sua boa ação teria uma reviravolta completa, quando o bem humorado e romântico piloto sofre um ataque cardíaco fulminante em pleno vôo. Porém, antes de morrer, o piloto consegue fazer um pouso no alto de uma montanha coberta de neve, o que salva a vida de Ben, Ashley e do próprio cachorro, que sempre o acompanha nos vôos.
Quando o pior é uma possibilidade, é bom mantê-lo em perspectiva. Sem que a gente se esconda dele. Sem fugir. Ele pode acontecer. E, se e quando acontecer, é melhor ter pensado nele de antemão. Desse jeito, a pessoa não é esmigalhada quando o pior se torna realidade.
Em uma situação ideal, eles apenas teriam de esperar uma equipe de resgate. Mas a situação deles não poderia estar mais distante de ideal. Os dois loucos esqueceram de avisar a qualquer pessoa que fosse que estavam entrando naquele avião. E como o avião é pequeno o piloto não é obrigado a registrar plano de vôo ou lista de passageiros antes de decolar. Ou seja, sem ajuda a caminho.
Se eu conseguisse fazer o GPS funcionar, tentaria descobrir onde estávamos, pois sabia que não adiantava esperar um resgate.
Na queda, Ben sofreu algumas lesões, mas nada muito grave. Porém o mesmo não pode ser dito de Ashley, que sofreu uma grave fratura no fêmur e que não tem como se movimentar. Os recursos deles são limitados ao que levavam nas malas. Por sorte, Ben costuma fazer montanhismo e por isso tem até certos recursos que uma pessoa normal não teria em uma situação igual. Mas mesmo com tais recursos, eles não tem muita esperança. Eles estão no meio do nada, em uma área de preservação ambiental, onde a presença de civilização não existe, no alto de uma montanha em pleno inverno e a Ashley não pode nem se levantar.
Nem acredito que estou deitada aqui deste jeito, com você me costurando, no meio de só Deus sabe onde, e estamos rindo. Acha que há alguma coisa errada conosco?
Mas para Ben não resta dúvidas que não adiantará nada ficar sentando esperando por uma ajuda que não virá, que isso apenas os condenará à morte. Então ao melhor estilo Macgyver, Ben vai usando os seus conhecimentos de montanhista amador e de cirurgião profissional para criar um plano. Seguindo a filosofia de um passo de cada vez, Ben e Ashley começam a desbravar seus caminhos por aquela montanha desolada, sem saber ao certo para onde ir, em um verdadeiro salto de fé.
Consulte no dicionário a palavra remoto e você me verá parado naquela rocha.
E enquanto ambos empreende essa jornada que vai contra todas as probabilidades, Ben e Ashley começam a se conhecer melhor, a compartilhar o seus passados. Ben conta mais sobre a esposa, com quem está brigado, mas para quem ele está constantemente gravando mensagens em seu gravador. E dessa forma vamos conhecendo como Ben a conheceu quando adolescente e o desenrolar de um romance dignos de livros. Ashley também vai contando sobre o seu passado, sobre o seu noivo e sobre o que esperar para o futuro, como ela espera que o seu casamento seja igual ao de Ben e Rachel, a esposa dele.
Esperar por alguém faz isso. Transforma minutos em horas, horas em dias e dias em vidas.
Depois daquela montanha eu nunca mais andaria de avião é muito mais do que um livro romântico. Eu classificaria esse livro mais como um drama. Os personagens do livro são encantadores, Ben é um homem romântico que encontrou o grande amor da sua vida e não faz a menor questão de esconder isso. Já Ashley tem uma personalidade vibrante, com um bom humor que muitas vezes é vital em momentos desesperadores como o que eles enfrentam. Os dois juntos acabam se revelando uma dupla imbatível no quesito persistência. 
Paus e pedras podem quebrar ossos, mas, se você quiser ferir alguém… bem fundo, use palavras.
A parte romântica do livro é construída de forma sutil, principalmente através das descrições de Ben sobre a Rachel e o relacionamento dos dois, seja através das gravações que ele persiste em fazer para ela, seja através do que conta para Ashley. E é também através das gravações que conhecemos os conflitos que Ben tinha com o pai e como Rachel foi determinante para a pessoa que ele se tornou. E com esse toque sutil, o livro acaba não sendo um romance enjoativo, muito água com açúcar. A estória está recheada é de situações Homem vs Natureza, ao melhor estilo programas de sobrevivência, uma versão de Perdido em Marte no alto de uma montanha congelada.
A cada quilômetro, você foi escavando a pedreira em que eu me transformara e desbastando as cicatrizes e as pedras empilhadas ao redor da minha alma. Você foi a primeira a juntas os meus cacos. Em matéria de amor, você me ensinou a engatinhar, andar, correr e, um dia, num ponto qualquer da praia, à luz do luar e com vento contrário, correndo 1.600 metros em cinco minutos, você se virou para mim, cortou as amarras que prendiam minhas asas e me ensinou a voar.
A escrita do autor é leve e emotiva, ela nos cativa ao mesmo tempo que nos leva implacavelmente ao longo das páginas. Esse é um daqueles tipos de livros que são facilmente devorados, até porque você fica desesperado para saber o que irá acontecer a seguir, se eles irão conseguir sobreviver. Os diálogos entre o Ben e a Ashley foi o que eu mais gostei, além de todo fator sobrevivência, você consegue se divertir com eles mesmo nos momentos mais improváveis.

A edição do livro está muito boa, a arte da capa é linda (embora eu não tenha entendido o porquê do cachecol da Mikasa), ela passa muito bem o sentimento de vastidão branca e desolada que é o cenário do livro. As páginas são amareladas e a fonte está em um ótimo tamanho. Os capítulos não são muito longos, o que ajuda ainda mais na fluidez do texto. Eu não tive dúvidas em dar 5 estrelas para esse livro e estarei aguardando ansiosamente pelo filme, algo me diz que ele irá levar alguns Oscars.

Classificação



Sobre o autor

Charles Martin se casou em 1993 com o grande amor de sua vida e tem três filhos com ela. Gosta de exercícios físicos, caça com arco e flecha e é faixa preta em tae kwon do. Já publicou doze romances e um e-book autobiográfico. Ele mora com a família em Jacksonville, na Flórida. (Eu nem encontrei as referências no livro…)












8 comentários:

  1. Oi Patrícia!
    Não me lembro de ter lido nenhum livro nesse estilo, apesar de já ter visto alguns filmes. O enredo me pareceu ser bastante leve devido ao bom humor dos dois, mesmo estando numa situação nada agradável. Acho que apreciaria a leitura. Bom saber que eles não se apaixonam um pelo outro, mas o romance já existia em suas vidas, antes desse episódio. Dica anotada!
    Beijos,

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    1. O humor dos personagens é sem dúvida o ponto alto do livro. Sobre o romance, sem dúvidas o fato de ser excessivo ajuda o desenvolvimento da estória.

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  2. Eu fiquei e não fiquei curiosa com o livro ao mesmo tempo quando vi o lançamento. Ler sua resenha me deixou empolgada para conhecer a história do livro - mais ainda pelos pontos que você ressalta como o romance não ser enjoativo e pelo que eu entendi não cai naquele clichê de um casal perdido que se ajuda e se apaixona. Diga que não estou errada, por favor!!!!
    Porque agora eu quero ler o livro e espero curtir muito a leitura e ficar esperando pela adaptação :)
    Beijinhos,
    Lica
    Amores e Livros

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    1. Desculpe, mas nada de spoilers, você terá de ler. Mas te garanto desde já, sem mimimi água com açúcar.

      bjs.

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  3. Olá,
    Desde que vi o lançamento da obra fiquei super curiosa para ler.
    É uma premissa bem inusitada e que não vi em nenhum livro que já li.
    Estou bem curiosa para conferir como Ben e Ashley irão curar um ao outro e como eles conseguirão sair dessa enrascada que acabaram ficando presos.
    A capa é muito bonita e eu adorei a resenha, é a primeira que vejo da obra.

    http://leitoradescontrolada.blogspot.com.br/

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    1. Romances geralmente não me atraem, mas esse me chamou a atenção e me surpreendeu. Talvez seja por todo essa fator sobrevivência, mas acho que principalmente que foi pela forma que o autor tratou a parte romântica do livro.

      Bjs.

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  4. Patricia, amei sua resenha, em breve vou ler esse livro e estou muito curiosa e empolgada com esse enredo! A capa é muito linda, edição maravilhosa da Arqueiro. Bjkas

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    1. Creio que você também irá gostar do livro, ele é do tipo que agrada diferentes públicos. Até mesmo eu, que não sou muito fã de romances, gostei muito dele.

      bjs.

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Bjão
Equipe Cia do Leitor