quinta-feira, 27 de junho de 2013

O negro e a representatividade na literatura fantástica nacional

Olá amigos leitores!
Vi essa postagem na página da Saraiva Conteúdo e achei mega interessante. quero compartilhar com vocês e parabenizá-los pela matéria.
Fala de livros que dá destaque ao personagem principal que antes ficava em segundo plano, eram meros coadjuvantes. E que algumas décadas passadas eram tratados apenas como uma raça mal vista, e hoje é vista com igualdade, dignidade e respeito. Mas em especial falaremos dos nossos "Negros e Mulatos" do Brasil.

Em fevereiro de 2013, a Gutenberg lançou O Rei Negro, um dos raros protagonistas negros da literatura fantástica. A obra causou burburinho nas redes sociais e instigou o olhar sobre outros personagens criados aqui mesmo, no Brasil.

O Rei Negro é uma obra do italiano Mark Menozzi que conta a história de Manatasi, Príncipe das Catorze Tribos de Warantu. Essas tribos são as únicas com negros entre os humanos no continente fictício de Valdar, povoado também por elfos, anões, kobolds e goblins.

Embora o livro tenha origem italiana dá ênfase ao personagem brasileiro.


OS HERÓIS NACIONAIS


Cenários inventados pelas mentes dos autores e habitados por seres do imaginário coletivo são comuns na Fantasia; porém, são poucos os livros que, mesmo com a enorme quantidade de seres mágicos, robóticos ou alienígenas, trazem protagonistas negros. “Falta para essa onda atual fantástica um olhar para o nosso presente. Temos problemas aqui e agora, batendo na nossa porta, e tudo isso pode conversar com o imaginário, com o mágico, com o mítico e com o fabuloso”, declara Felipe Castilho, sobre a presença de negros e minorias sociais em geral neste tipo de literatura.


Castilho é autor de outro livro da Gutenberg com um protagonista afrodescendente: Ouro, Fogo & Megabytes. Na história, Anderson Coelho é um menino mineiro, de pai negro e mãe branca, que vem para São Paulo e acaba se envolvendo com uma ONG que luta contra uma corporação interessada em predar o país e lucrar com seus recursos naturais.

“Anderson é mulato desde a sua concepção - sempre o enxerguei assim. Ele é fruto do que mais há de real em nosso país: a miscigenação. Todos somos misturados. E se não ’sanguineamente’, somos culturalmente.”, comenta o autor.

Personagens do nosso folclore, como a Mãe D’Ouro, o Negrinho do Pastoreio e o Saci, passeiam pela história de Castilho, que os aproveitou para abordar o tema da escravidão, em nosso, passado, e o preconceito, nos tempos atuais. 

“Eu não sou negro, mas isso não me impede de chamar a atenção de meus leitores para algo. O que mais falta em nosso dia -a -dia é a empatia, a capacidade de sentirmos a dor do outro”, explica o autor sobre a questão.


Outra história que se vale da riqueza de nosso folclore (de base indígena, europeia e africana) é o caso muito peculiar das aventuras criadas por Christopher Kastensmidt.

Nascido nos EUA, Christopher é descendente de árabes, armênios e alemães, mas vive há muitos anos no Brasil. Ele criou as aventuras de dois amigos, um holandês e um iorubá, no Brasil Colonial.

As peripécias de Oludara, jovem guerreiro, que foi capturado em Ketu (região iorubana do atual Benin) e traficado como escravo para o Brasil, podem ser lidas na série Duplo Fantasia Heroica Volume 1,Volume 2 e Volume 3.

Ao lado do companheiro europeu, Oludara se embrenha no interior do país, faz amizades entre os índios e tem de lidar com nossos seres fantásticos, como a Flor do Mato, Capelobo e Iara.

“Escrever sobre o Brasil Colonial e não colocar um negro na história seria uma mentira. No século XVI, aconteceu no Brasil uma convergência de culturas que formou o país que temos hoje. Eu escrevi essas histórias para o mercado estrangeiro e escolhi estes personagens exatamente para representar isso", explica Kastensmidt.

Para não derrapar na reconstituição de época, Kastensmidt montou uma biblioteca com cerca de 200 livros sobre o Brasil Colônia e sobre os iorubás do séc. XVI.

Ele comenta que se sentiu mais livre para criar um personagem negro ambientado no passado do que no presente. “Quando escrevemos sobre o ‘outro’, o mais importante é ter muito respeito por aquela cultura”, comenta.


Outro afrodescendente em aventuras extraordinárias em nosso país é Hugo Escarlate, de A Arma Escarlate. “Assim que eu decidi escrever uma história de magia no Rio, eu soube que queria um personagem mulato”, conta a autora Renata Ventura.

Carioquinha de 13 anos, do Morro Dona Marta Hugo descobre, em meio a um intenso tiroteio, que é um bruxo, bem ao estilo Harry Potter. Mas J. K. Rowling não foi a única fonte da autora para compor o personagem: em jornais, ela pesquisou a invasão do Dona Marta pela polícia, e leu livros como Abusado.

Sem parentes negros, Renata conta que a cor do personagem não foi uma barreira na hora de sua criação. “Eu senti alguma dificuldade, mas só porque Hugo é um protagonista complicado. É arisco, desconfiado, é bastante impulsivo e imprevisível – até para mim”, comenta Renata.

Além dele, há outros quatro personagens negros de relevância na história: a mãe de Hugo e sua avó, a colega Gislene e Beni, garoto de família rica e religiosa. O background de Beni serve de fundo para outro problema social de nossos tempos: homossexual, o garoto tem dificuldades em se assumir gay em uma família evangélica.

REPRESENTATIVIDADE

“Eu não entendo por que negros e gays são tão pouco representados na literatura fantástica. Seriam personagens fortes, de muita personalidade”, afirma Renata. “Ao mesmo tempo, muitas vezes, a literatura (fantástica) usa elfos e outros seres exatamente para falar de temas como racismo, minorias e preconceito de modo alegórico”, completa.

Em sua obra, Renata ainda pretende incluir outra minoria: os deficientes físicos. “Em um mundo onde tudo se cura com magia, como inserir personagens com alguma deficiência física? Na minha série, haverá pelo menos três deficientes físicos, e o próprio Hugo é um pouco surdo do ouvido esquerdo, devido à proximidade de um tiro”, diz.


Outro exemplo, nacional, é o recém lançado O Espadachim de Carvão, de Affonso Solano, do site Jovem Nerd, lançado pelo selo Fantasy – Casa da Palavra. De pele negra e olhos brancos, Adapak, o personagem principal, é filho de um dos deuses do mundo de Kurgala.


"Filho de um dos quatro deuses de Kurgala, Adapak vive com o pai em sua ilha sagrada, afastada e adorada pelas diferentes espécies do mundo. Lá, o jovem de pele absolutamente negra e olhos brancos cresceu com todo o conhecimento divino a seu dispor, mas consciente de que nunca poderia deixar sua morada."

Castilho arremata que este é o momento de levantar questões sociais na Fantasia. “Agora seria a hora perfeita de as cabeças se abrirem!”, conclui.


Fonte: Saraiva Conteúdo 
de:Paulo Ítalo em 23/04/2013

4 comentários:

  1. OI Ni
    Que matéria legal, gostei :)

    Ps: tem resenha nova lá no Escuta Essa
    http://escutaessa.blogspot.com.br/2013/06/resenha-sangue-na-neve-de-lisa-gardner.html

    Beijinhos
    Renata
    Escuta Essa

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  2. São todos livros muito interessantes, mas, fiquei fissurada pelos livros A ARMA ESCARLATE e O ESPADACHIM DE CARVÃO.
    Gostei da postagem!

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    Respostas
    1. Li A Arma Escarlate e posso sem medo indicar esse livro a todos.
      Estou ansiosa pela continuação. Vale muito a pena!

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  3. Maravilhosas obras! Eu ganhei o livro Ouro, Fogo & Megabytes e em breve vai ter resenha na Saleta!

    Saudades de estar por aqui minha amiga!

    Um grande beijo



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