Resenha: Labirinto - de Jim Henson / A.C.H Smith

Labirinto

Jim Henson / A.C.H Smith

Editora DarkSide

Skoob

Sinopse: Trinta anos sem perder a magia. Tudo começou em um pequeno “labirinto” real na cabeça de James Maury, mais conhecido pelo nome de Jim Henson. O cartunista, músico, roteirista, designer e diretor sabia acessar como ninguém o coração das pessoas e o seu maior dom foi dar vida a seres inanimados. A nova geração pode não lembrar do seu nome, mas com certeza tem seus personagens gravados na memória: Os Muppets, Vila Sésamo, Muppets Babies e até a inesquecível Família Dinossauro. Além deste, Henson também criou fábulas como “Labirinto”, em parceria com George Lucas, filme que encantou toda uma geração quando foi lançado, há 30 anos, com David Bowie como Jareth, o Rei dos Duendes, e também responsável pela trilha sonora, e uma jovem Jennifer Connelly no papel de Sarah, a protagonista que deseja que os duendes levem Toby, seu meio irmão e – para seu espanto – é atendida. Arrependida, ela é desafiada pelo Rei dos Duendes a atravessar o sombrio Labirinto, repleto de perigos e seres mágicos.

A novelização de Labirinto finalmente é publicada em português, em uma edição à altura do mestre. Escrita por A.C.H. Smith em parceria com Henson, a edição apresenta pela primeira vez as ilustrações dos duendes feitas por Brian Froud, que trabalhou no filme, além de trechos inéditos e nunca vistos com 50 páginas do seu diário, detalhando a concepção inicial de suas ideias para Labirinto, comemorando os 30 anos do filme em grande estilo.

Resenha

O grande sonho de Sarah é seguir os passos de sua mãe e se tornar uma grande atriz. Ela não mora com a mãe, e sim com o pai, a madrasta e seu meio-irmão, o bebê Toby. Como quase toda adolescente, ela se sente injustiçada e perseguida pela família. Mas ironicamente, ela não vê nenhum defeito na mãe que praticamente a abandonou e que agora vive com o seu também famoso namorado.

Treinando para realizar o seu sonho de atriz, Sarah está decorando e interpretando o livro Labirinto, mas está tendo dificuldades em lembrar de tudo. Sua frustração aumenta ainda mais porque ela tem um toque de recolher imposto pela madrastra. Toque esse que ela vive estourando. Então, mais uma vez atrasada para voltar para casa, ela fica irritada por ter de interromper seu auto imposto ensaio, para ainda por cima ter de tomar conta do irmão para que o pai e a madrasta possam sair.

Sarah ama o irmão, mas muita vezes o odeia. Ela não sabe explicar exatamente o que sente por ele, apenas sabe que não gosta de ficar tomando conta da criança, ainda mais quando esta chorando. Ela também não gosta que entrem em seu quarto, mas a madrasta costuma entrar para pegar um bichinho de pelúcia para o bebê. E ela fez justamente isso naquela noite. Sarah então entra no quarto do bebê, fazendo tanto barulho, que o Toby acaba acordando. E começa a chorar, é claro.

Deve haver alguma coisa errada comigo, ela costumava refletir, por chegar mesmo a pensar em machucar alguém que amo tão loucamente; ou será que há algo errado em amar tanto alguém que eu odeio?

Para tentar acalmar o Toby, ela começa a recitar de cabeça um trecho do livro Labirinto. Justamente o trecho onde a personagem pede para que os duendes levem o bebê embora. Mal sabe Sarah que na verdade há duendes escutando tudo, só esperando pelo momento em que ela diga as palavras necessárias para que eles roubem o bebê. E é claro que isso acontece. Após dizer a frase certa, os duendes levam Toby embora. Ela imediatamente se arrepende de ter pedido para levarem o seu irmão e exige que o devolvam, nem mesmo a oferta de poder ver seus sonhos a faz querer trocar o irmão. Mas não é tão fácil assim pegar Toby de volta, pois Jareth, o rei dos duendes, é bem ardiloso e não o quer devolver.

“Você pensa que é muito esperta”, disse Hoggle. “Sabe por quê? Porque você ainda não aprendeu nada.”

Ele diz então que Sarah tem 13 horas para recuperar Toby e que para isso ela deve atravessar o labirinto e chegar ao castelo dos duendes, para então pegar o irmão de volta. Sarah não pensa duas vezes antes de embarcar nessa jornada em busca do irmão, enfrentando o que quer que seja que apareça pela frente. E o que não irão faltar são armadilhas preparadas por em certo rei dos duendes. Além de todos os perigos que já existem no próprio labirinto.

A jornada da Sarah segue uma linha meio Alice no País das Maravilhas e O mágico de Oz. Pois ao mesmo tempo que ela encontrará vários inimigos, ela também irá descobrir grandes amigos. Sempre se surpreendendo com as coisas inusitadas que encontra, mas nunca recuando, ela irá descobrir mais sobre si mesma, amadurecendo cada vez mais.

Nada era justo. Se você esperasse justiça, sempre se decepcionaria.

Embora eu tenha assistido esse filme quando criança, eu lembrava de pouquíssimas coisas. Então, de forma geral, a leitura para mim foi muito empolgante, pois não sabia o que iria acontecer, sempre esperando pelo próximo desafio que a Sarah iria enfrentar. Além de Sarah e Jareth, a estória também conta com outros personagens, alguns mais cativantes do que outros, mas todos possuem os seus próprios méritos e de certa forma, todos acabam amadurecendo ao longo da jornada. A narrativa foi muito boa e fluída, Smith fez um ótimo trabalho na romantização do filme, então por mais que a estória originalmente não pertença à ele, seu trabalho também deve ser reconhecido. Essa edição maravilhosa do livro, que também possui capa dura, está recheada de diversas ilustrações do Brian Froud. Elas aparecem no início de cada capítulo e tem várias no final do livro. No final também tem uma cópia das anotações de Jim de antes do filme ser produzido, algumas de quando ele tinha acabado de pensar na estória. O livro é repleto de aventura e magia e sem dúvidas uma ótima escolha para quem curte fantasia.

Afinal, a vida é uma espécie de Labirinto, com todas as suas voltas e reviravoltas, seus caminhos retos e seus ocasionais becos sem saída.

Classificação

Sobre o autor

James Maury "Jim" Henson (24 de setembro de 1936 - 16 de maio, 1990) foi um "American puppeteer", artista, cartunista, Imagineer, inventor, roteirista, diretor de cinema e produtor americano, mais conhecido como o criador dos Muppets. Como um manipulador de marionetes, Henson realizou vários programas de televisão, tais como Sesame Street e The Muppet Show, filmes como The Muppet Movie e The Great Muppet Caper, e criou bonecos avançadas para projetos como Fraggle Rock, The Dark Crystal e Labyrinth. Ele também foi indicado ao Oscar, como diretor, por seu curta-metragem Pedaço Time, Emmy Award-winning produtor de televisão, e fundador do The Jim Henson Company, a Fundação Jim Henson, e de Jim Henson Creature Shop.